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    Após optar por homem na chefia, ONU lança Mulher-Maravilha embaixadora

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    13/10/2016 18h00

    A super-heroína Mulher-Maravilha foi escolhida pelas Nações Unidas como sua embaixadora honorária para "o empoderamento de mulheres e meninas".

    Apesar da popularidade desse personagem, um dos ícones dos quadrinhos americanos, o anúncio foi recebido com algum azedume durante a quinta-feira (13).

    O jornal americano "New York Times", por exemplo, traçou um paralelo entre a escolha da Mulher-Maravilha para "mascote" enquanto a ONU nomeou o ex-premiê português António Guterres para ser seu secretário-geral.

    Guterres irá substituir o atual líder Ban Ki-moon por um mandato de cinco anos.

    A candidatura de Guterres derrotou sete mulheres para a liderança da organização justamente quando há apelo por uma chefia feminina.

    Para seus críticos, a ONU deveria dar o exemplo na luta pela igualdade de gêneros. Essa é, aliás, uma das missões para o mandato futuro do ex-premiê português.

    O combate em nome das "mulheres e meninas" é necessário também dentro desse próprio organismo.

    A ONU é alvo, por exemplo, de acusações de abuso sexual cometido por membros de suas missões de paz. Há também críticas à baixa participação de mulheres no alto escalão da organização.

    A tarefa coube, por ora, a um personagem de revistinhas que completa agora seus 75 anos de idade, mais velha portanto do que as próprias Nações Unidas.

    Enquanto Guterres se une ao clube de Ban Ki-moon, Kofi Annan e Boutros Boutros-Ghali, a Mulher-Maravilha será parte do time de embaixadores rabiscados que já contou com o Ursinho Pooh e a Sininho do Peter Pan.

    Sua imagem será utilizada nas redes sociais em mensagens de igualdade de gênero.

    Reprodução
    A personagem ilustrada na nova história em quadrinhos da DC Comics
    A personagem ilustrada em nova história em quadrinhos da DC Comics

    GUERREIRA

    A amazona Diana, identidade da Mulher-Maravilha, é um dos principais personagens da DC Comics, a editora que publica também os gibis do Batman e do Superman. Ela ganhará seu próprio filme em 2017, uma das apostas do mercado de ação.

    A personagem criada por William Moulton Marston é uma guerreira que, entre outros poderes, empunha um laço da verdade. Com a guinada no universo DC trazida por George Pérez nos anos 1980, a guerreira tornou-se embaixadora das amazonas no mundo dos homens.

    Ela passou, dessa maneira, a representar não apenas a força mas também a importância do diálogo e da negociação, caros à ONU.

    O mercado das histórias em quadrinhos tem se aproximado das mulheres nos últimos anos com diversas estratégias, incluindo a recente ação conjunta com a ONU.

    O anúncio da promoção da Mulher-Maravilha foi feito dias após a Marvel, editora rival da DC, publicar uma história em quadrinhos sobre uma mãe na cidade síria de Madaya, cercada pelo Exército sírio há mais de um ano.

    A iniciativa da Marvel, porém, foi bem-recebida ao dar voz a uma vítima anônima da guerra na Síria, que já deixou quase 500 mil mortos desde março de 2011.

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