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    Em cúpula na Índia, Rússia propõe aos Brics ação conjunta contra terrorismo

    ISABEL FLECK
    ENVIADA ESPECIAL A GOA (ÍNDIA)

    16/10/2016 23h42

    Para auxiliar no combate ao terrorismo, um dos principais temas da cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que se encerrou neste domingo (16) na Índia, o presidente russo, Vladimir Putin, sugeriu ao bloco a criação de um banco de dados para trocar informações sobre terrorismo.

    A ideia é compartilhar, de forma fácil, os dados de pessoas possivelmente envolvidas com atividade terrorista reunidos por cada um dos cinco países. A proposta foi bem recebida pelos demais líderes, mas seguirá em discussão nos próximos encontros.

    "O Putin propôs criarmos o serviço de troca de informações a respeito de terrorismo. E para combater terrorismo, metade é informação", disse o chanceler José Serra. "Senti aqui um clima até enfático nessa matéria."

    Por motivos particulares, Rússia e Índia eram os países que tinham mais interesse em que o tema do combate ao terrorismo fosse abordado de forma enfática pelo grupo.

    Money Sharma/AFP Photo
    Líderes dos Brics posam para foto no último dia da reunião de cúpula em Goa, na Índia, neste domingo (16)
    Líderes dos Brics posam para foto no último dia da reunião de cúpula em Goa, na Índia, neste domingo

    Anfitrião da cúpula, o premiê indiano, Narendra Modi, conseguiu acrescentar na declaração final uma "forte condenação" dos Brics ao ataque que matou 18 soldados indianos na Caxemira em setembro. O líder acusa o Paquistão de envolvimento no caso e chamou o país vizinho de "Estado terrorista".

    O presidente Michel Temer, em seu discurso, aproveitou o tema para lembrar a necessidade de reforma do Conselho de Segurança —o Brasil pleiteia uma vaga como membro permanente no caso de uma ampliação.

    "As ameaças avolumam-se e tomam novos contornos. Já as instâncias decisórias sobre paz e segurança seguem inalteradas e, não raro, inertes. Há que se reformar o Conselho de Segurança", disse.

    ACORDOS

    Os líderes dos Brics não conseguiram, na cúpula, avançar em temas como a criação de um mecanismo sobre resolução de medidas não tarifárias e o estabelecimento de uma agência dos Brics de classificação de risco.

    O grupo, porém, criou um comitê de cooperação entre as autoridades aduaneiras dos cinco países, para facilitação do comércio. Também foram assinados acordos na área de pesquisa agrícola e de parceria entre suas academias diplomáticas.

    Índia e Brasil trouxeram para a mesa a proposta de "aprofundar práticas de medicina tradicional", no caso indiano, e na parte de medicamentos, com a expertise brasileira.

    "A ideia é poder desenvolver mais a produção de medicamentos de alto custo e de medicamentos essenciais", disse Serra.

    Na área econômica, os líderes dos cinco países, que juntos respondem por quase um quarto do PIB mundial, se comprometeram a utilizar "todas as ferramentas —monetária, fiscal e estrutural—" para recuperar o crescimento equilibrado e inclusivo.

    "A contribuição do Brics para a economia global será tanto mais eficaz quanto mais sólida forem as economias de seus integrantes", disse Temer, acrescentando que os países do grupo são parceiros comerciais prioritários e que podem ajudar na estratégia de recuperação brasileira.

    BANCO DOS BRICS

    O presidente afirmou que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como banco dos Brics e que completou agora seu primeiro ano, é a "face mais visível" do grupo, e que sua consolidação deve ser uma prioridade.

    "Nosso desempenho como grupo —e nossa capacidade de inovar no sistema internacional— serão avaliados com base no bom funcionamento dessa instituição."

    Segundo a Reuters, o banco aumentará a concessão de empréstimos para o valor de US$ 2,5 bilhões em 2017. Em abril, o banco aprovou seus primeiros projetos, todos na área de energia renovável. O Brasil vai receber US$ 300 milhões, via BNDES, para projetos em energia eólica.

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