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    Após apoio chinês, Filipinas anunciam 'separação' dos Estados Unidos

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    20/10/2016 14h13

    O polêmico presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, anunciou sua "separação" dos Estados Unidos nesta quinta-feira (20), declarando que se realinhou com a China, já que os dois países concordaram em resolver suas desavenças sobre o mar do Sul da China por meio de conversas.

    Duterte fez seus comentários na China, onde está em visita com ao menos 200 empresários para abrir caminho para o que classifica como uma nova aliança comercial no momento em que as relações com os EUA, aliados de longa data, se deterioram.

    Em um dos episódios recentes, em setembro, o presidente Barack Obama cancelou um encontro que teria com Duterte, após o filipino ter chamado o americano de "filho da puta".

    Os esforços de Duterte para se alinhar com a China, meses depois de um tribunal internacional arbitrar a favor das Filipinas nas disputas referentes ao mar do Sul da China, uma grande derrota diplomática para o governo de Pequim, marcam uma reversão na política externa desde que o ex-prefeito de 71 anos assumiu o cargo em 30 de junho.

    "Agora a América perdeu", disse Duterte a empresários chineses e filipinos em um fórum no Grande Salão do Povo ao qual compareceu o vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli.

    "Eu me realinhei em seu fluxo ideológico e talvez também vá à Rússia conversar com [o presidente russo, Vladimir] Putin e lhe diga que há três de nós contra o mundo —China, Filipinas e Rússia. É o único caminho", acrescentou.

    Wu Hong/REUTERS
    Philippines President Rodrigo Duterte attends a meeting with Zhang Dejiang, Chairman of the Standing Committee of the National People's Congress of China (not pictured) at the Great Hall of the People in Beijing, China, October 20 2016.
    O filipino Rodrigo Duterte durante reunião com integrantes do Legislativo chinês, em Pequim

    "Com isso, neste local, excelências, neste local eu anuncio minha separação dos Estados Unidos", disse Duterte ao som de aplausos. "Eu me separei deles. Então, dependerei de vocês para todo o sempre. Mas não se preocupem. Também iremos ajudar, como vocês nos ajudam."

    Criticado por Estados Unidos, União Europeia e ONU por sua campanha de combate ao crime, que provocou mais de 3.700 mortes, segundo uma contagem oficial, Duterte tem o apoio da China para esta política.

    "Pequim apoia o novo governo filipino em sua luta para proibir as drogas, contra o terrorismo e a criminalidade, e está disposta a cooperar neste tema com Manila", afirmou o ministério das Relações Exteriores chinês.

    O apoio não está apenas no discurso. O secretário de Comércio filipino, Ramon Lopez, disse que serão assinados esta semana acordos no valor de US$ 13,5 bilhões com os chineses.

    MAR DO SUL DA CHINA

    Após a reunião entre Xi e Duterte, em que o presidente filipino afirmou que a relação com a China entrou em uma nova "primavera", o vice-chanceler chinês, Liu Zhenmin, disse que a disputa pelo mar do Sul da China não representa a totalidade da relação entre os países.

    "Os dois lados concordaram que farão o que foi acordado há cinco anos, que é buscar um diálogo bilateral e conversas para uma boa decisão a respeito do mar do Sul da China", disse Liu.

    A China reivindica a maior parte das águas da região e, nos últimos anos, construiu várias estruturas em pequenas ilhas e territórios, também reivindicados por outras nações —entre elas, as Filipinas, que levaram o caso a uma corte internacional, antes da gestão de Duterte começar.

    Editoria de arte/Folhapress
    A DISPUTAChina, Filipinas, Taiwan, Maalásia e Vietnã disputam pequenos territórios e direitos sobre áreas do Mar do Sul da China
    editoria de arte/folhapress
    Ilha spratly depois
    Imagem das ilhas Spratly antes (1ª foto) e depois de a China começar a construir no local (2ª foto)
    Ilha spratly antes
    Ilha spratly antes

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