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    Parlamento Europeu dá prêmio a ativistas yazidis ex-reféns do EI

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    27/10/2016 08h57 - Atualizado às 11h23

    As ativistas iraquianas Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar, de origem yazidi, receberam nesta quinta-feira (27) o Prêmio Sakharov, entregue pelo Parlamento Europeu. O troféu prestigia os ativistas na luta pelos direitos humanos.

    Murad e Bashar haviam sido capturadas pelo Estado Islâmico (EI), e desde sua soltura advogam em prol das mulheres dessa minoria étnico-religiosa perseguida pela organização terrorista no Oriente Médio.

    Mark Wilson - 21.jun.2016/AFP Photo/Getty Images North America
    (FILES) This file photo taken on June 21, 2016 shows Nadia Murad, human rights activist, testifying during Senate Homeland Security and Governmental Affairs Committee hearing on Capitol Hill, in Washington, DC. Two Yazidi women activists who escaped the Islamic State group in Iraq have been awarded the European Parliament's prestigious Sakharov human rights prize for this year on October 27, 2016, European sources told AFP. The prize will go to Nadia Murad and Lamia Haji Bashar -- who campaign to protect their Yazidi people and were enslaved by IS -- during a midday session of the assembly in Strasbourg, France, the sources told AFP. / AFP PHOTO / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / MARK WILSON
    Foto de arquivo da ativista iraquiana Nadia Murad, vencedora do prêmio Sakharov

    Murad, em especial, tem lutado pelo reconhecimento da morte de yazidis na região como um genocídio.

    À Folha Ahmed Burjus, vice-diretor da organização yazidi Yazda, afirmou que o prêmio "foi uma grande notícia". "É um apoio moral não apenas para Murad, mas também para toda a comunidade que o Estado Islâmico quer eliminar da terra".

    Milhares de garotas yazidi foram escravizadas e estupradas pelo EI desde que essa milícia tomou grandes porções de território no Iraque e na Síria, em 2014, estabelecendo seu auto-proclamado califado.

    O Sakharov foi anunciado por Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu. A cerimônia de entrega deve ser realizada em 14 de dezembro, em Estrasburgo. As ativistas vão receber o equivalente a R$ 170 mil.

    Competia também pelo troféu o jornalista turco Can Dundar, condenado a mais de cinco anos de prisão por relatar o envio de armas turcas à Síria. Ausente do próprio julgamento, Dundar está hoje exilado na Alemanha.

    O vencedor da última edição do Sakharov foi o bloqueiro saudita Raif Badawi, preso e açoitado devido à acusação de insultar o islã.

    Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, também já recebeu o prêmio, criado em 1988 como uma homenagem ao dissidente soviético Andrei Sakharov.

    CRENÇA

    Os yazidis são uma minoria étnico-religiosa que vive na província de Nínive, no norte do Iraque. Estima-se que haja 800 mil deles.

    Os yazidis são etnicamente curdos, uma minoria presente no sudeste turco e norte do Iraque e da Síria. A crença surgiu por volta do século 11, unindo elementos de diferentes crenças regionais, como o zoroastrismo (uma antiga religião persa).

    Eles são conhecidos, no Oriente Médio, por cultuarem o anjo-pavão Melek Tawus, que recusou-se a homenagear a criação divina e, por isso, foi castigado.

    Para os yazidis, o anjo arrependeu-se e foi perdoado por Deus. Essa diferença em relação ao cristianismo e ao islã fez com que esse grupo fosse considerado "adorador do demônio" e historicamente perseguido. Há diásporas em países como a Armênia.

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