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    Presidente chinês se consagra como 'líder central', ao lado de Mao e Deng

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    27/10/2016 13h43

    O Partido Comunista da China deu ao presidente do país, Xi Jinping, o título de "líder central" nesta quinta-feira (27), colocando-o em pé de igualdade com homens fortes do passado como Mao Tse-tung e Deng Xiaoping, mas ao mesmo tempo indicou que seu poder não será absoluto.

    Um longo comunicado divulgado pelo partido, após reuniões a portas fechadas durante quatro dias, com as principais autoridades em Pequim, enfatizou que o país deve preservar a importância da liderança coletiva.

    O sistema de liderança coletiva "sempre deve ser seguido e não deveria ser violado por nenhuma organização ou indivíduo em nenhuma circunstância e por nenhuma razão", disse o comunicado.

    Apesar da ressalva, todos os membros do partido devem "se unir estreitamente ao redor do comitê central, com o camarada Xi Jinping em seu centro", afirmou o documento, veiculado por meio da mídia estatal chinesa.

    Beto Barata/PR
    Hangzhou - China, 02/09/2016. Presidente Michel Temer durante encontro com o presidente da República popular da China, senhor Xi Jinping, na casa de hospedes oficial do Lago Oeste. Foto: Beto Barata/PR ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Os presidentes Michel Temer e Xi Jinping durante encontro em Hangzhou, antecedendo reunião do G20

    O anúncio foi realizado após a reunião de quase 400 altos dirigentes do comitê central, um órgão que atua como uma espécie de Parlamento dentro do Partido Comunista chinês e que se reúne todos os anos para falar da disciplina interna e, em particular, da luta contra a corrupção.

    O título de "líder central" pode assinalar um fortalecimento formal significativo da posição de Xi antes do crucial congresso partidário do ano que vem, no qual um novo comitê permanente, a instância mais alta do poder na China, será constituído. No congresso, Xi tentará incluir nesse comitê tantos de seus colaboradores quanto possível.

    Desde que assumiu o cargo há quase quatro anos, Xi consolidou seu poder rapidamente, o que incluiu liderar um grupo que conduziu reformas econômicas e indicar a si mesmo como comandante-em-chefe dos militares, embora já controlasse as Forças Armadas por dirigir a comissão militar central.

    Embora seja chefe do partido, dos militares e do Estado, Xi ainda não havia recebido o título de "central".

    Deng cunhou o termo "líder central". Ele disse que Mao, ele mesmo e Jiang Zemin eram líderes centrais, significando que tinham autoridade quase absoluta e não deviam ser questionados.

    Resta saber se a nova posição de Xi será apenas mais um título ou se vai, de fato, cimentar sua liderança. Poderia colocá-lo sob pressão ainda maior para resolver os desafios domésticos, como uma economia em passo mais lento e grandes demissões decorrentes do fechamento de minas, apontam analistas.

    "Ainda não se sabe se ele terá a real autoridade como líder central ou se ele é poderoso apenas no nome", disse Zhang Lifan, um historiador independente e observador político.

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