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    Muro na fronteira EUA-México pauta eleição americana; Folha visitou região

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL A SAN DIEGO (CALIFÓRNIA)

    28/10/2016 02h00

    Estamos há 500 dias com ele: o muro de Donald Trump. Já em seu primeiro discurso eleitoral, o republicano se comprometeu a erguer uma barreira "grande, alta e linda" entre México e EUA.

    Ele ainda não atraía as multidões que hoje abarrotam seus comícios —consta que pagou US$ 50 para figurantes que o cercaram na Trump Tower.

    Pois a promessa de dividir com concreto e aço os países foi decisiva para unir sua base, que fez dele o pré-candidato mais popular na história das prévias republicanas.

    Em agosto, o Centro de Pesquisas Pew apontou que seis em dez americanos rejeitam a obra. A animosidade cresceu em San Diego, onde já existe um muro e com população 28% hispânica (a média nacional é 17%).

    "Tenhamos fé [contra a retórica de Trump]", diz a mexicana Jannet Castanon, 37, que tenta se legalizar nos EUA.

    Em todo o país, vivem 11,7 milhões de conterrâneos de Jannet, metade sem autorização. Pesquisas mostram que o apoio de Trump entre eleitores latinos beira os 20%. Não é de se estranhar.

    "Construa o muro!" é coro obrigatório em seus eventos. Em março, Steve Travers foi a um deles fantasiado de muralha -macacão cinza de lycra e, no peito, os dizeres: "O México pagará por mim".

    Assim garante Trump desde o dia 1, embora líderes mexicanos rejeitem a ideia, como o ex-presidente Vicente Fox: nenhum tostão ao "fucking wall" (porra de muro).

    O republicano diz que usaria o deficit comercial para pressionar o vizinho. Em 2014, o México vendeu aos EUA US$ 50 bi a mais, em bens e serviços, do que a contrapartida. "Ninguém constrói melhor do que eu, acreditem, e eu construiria [o muro] de forma bem barata", já declarou Trump.

    Há controvérsias. Ele já afirmou que a obra, com até 15 metros de altura (metade do Cristo Redentor), custaria até US$ 12 bi. Especialistas estimam ao menos US$ 25 bi, incluindo US$ 2 bi em estradas para aguentar caminhões transportando o material.

    Por três dias, a Folha viajou pelas bordas da Califórnia, que abriga parte dos 1.046 km de barreiras já erguidas ao longo dos 3.200 km da fronteira. Primeira parada: um parque em San Diego (EUA) e Tijuana (México) cortado ao meio pelo muro. Chama-se Amizade.

    Editoria de arte/Folhapress
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