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    Na Colômbia, presidentes dão apoio a seguimento de acordo com guerrilhas

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A CARTAGENA

    29/10/2016 16h49 - Atualizado às 20h55

    O prêmio Nobel da Paz, recém-entregue ao presidente colombiano Juan Manuel Santos, e estímulos para que a nova etapa das negociações com as guerrilhas continuem deram o tom do encontro de presidentes neste sábado (29), na Cúpula Iberoamericana, que se realiza em Cartagena, na Colômbia.

    Logo na abertura, o próprio Santos explicou sua posição com relação a esse novo momento do processo, após a derrota do acordo a que haviam chegado o governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), no último dia 2 de outubro.

    John Vizcaino/Reuters
    Santos (sexto a partir da direita) recebe o apoio de países da região e de Espanha e Portugal em Cartagena
    Santos (sexto a partir da dir.) recebe o apoio de países da região e de Espanha e Portugal em Cartagena

    "A paz da Colômbia será uma realidade", disse Santos. "Assim que soube do resultado, eu o reconheci e convoquei um grande diálogo nacional pela reconciliação. Minha intenção é transformar esse surpreendente resultado negativo em uma grande oportunidade."

    De fato, nas últimas semanas, Santos vem se reunindo com opositores do acordo, liderados principalmente pelos ex-presidentes Álvaro Uribe e Andrés Pastrana e líderes evangélicos e católicos.

    Ele acrescentou que as propostas desses representantes já estavam sendo levadas à mesa de negociações, em Havana. "Dei instruções aos negociadores de que não se levantem da mesa enquanto não esgotem todos os pontos da agenda do uribismo."

    A presidente do Chile, Michelle Bachelet, cujo país foi observador da primeira fase do processo, reforçou que seu país continuará mantendo o apoio nessa nova fase, assim como o equatoriano Rafael Correa. O recém-iniciado processo de paz com a segunda maior guerrilha colombiana, o ELN (Exército de Libertação Nacional) ocorrerá em Quito.

    Bachelet reforçou que o acordo é muito importante por incluir um item sobre igualdade de gêneros. O gesto foi bem recebido por Santos, porque é justamente esse artigo que vem causando diferença com evangélicos que defendem o "não" ao acordo.

    Já o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, referiu-se novamente à crise na Venezuela e pediu que esse seja um tema a ser tratado com urgência na cúpula.

    "É muito difícil ter uma reunião como essa sem falar desse problema. De minha parte, não há nenhum afã de interferir na política de outros países, nem um afã ideológico, mas sim um afã de que os iberoamericanos tomem o caminho de seguir adiante, e não de retroceder", disse.

    O equatoriano Rafael Correa criticou o impeachment da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, qualificando de frágeis as acusações que motivaram seu afastamento.

    Em seu discurso, horas depois, o chanceler brasileiro, José Serra, defendeu o processo de impeachment e reafirmou que ele foi feito dentro da lei e com a supervisão do Supremo Tribunal Federal.

    "Essa página é considerada virada e estamos nos concentrando em nossas prioridades econômicas e sociais. Estamos buscando recuperar a confiança em nossa economia", afirmou.

    Serra se juntou ao coro de apoio ao processo de paz na Colômbia. "Queria reconhecer que a paz na Colômbia é um feito histórico, pois fecha um ciclo, junto com a aproximação dos EUA com Cuba e a perspectiva do levantamento do embargo. Esse fim de ciclo termina com uma polarização que durou muitos anos e que é bom que termine."

    MADURO

    O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, cancelou, no último momento, sua viagem à Colômbia para participar da Cúpula Iberoamericana, anunciada também de forma surpreendente na sexta (28).

    Os jornalistas que aguardavam, no aeroporto de Cartagena, o voo que traria o controvertido mandatário foram surpreendidos quando, ao abrirem-se as portas do avião, quem dele desceu foi a chanceler Delcy Rodríguez. A informação de que Maduro havia desistido foi confirmada pela chancelaria colombiana.

    Raul Arboleda/AFP
    A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, participa da cúpula em Cartagena no lugar de Maduro
    A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, participa da cúpula em Cartagena no lugar de Maduro

    A decisão de Maduro de participar do encontro, tomada um dia antes, havia sido motivada pelas duras críticas que o venezuelano vem recebendo de outros líderes presentes -principalmente de Kuczynski, que pedia medidas contra seu governo- e diante da possibilidade de os chanceleres do Mercosul realizarem uma reunião informal para tratar de Venezuela.

    Segundo a chancelaria venezuelana, Maduro não foi porque precisava se preparar para a reunião deste domingo com o representante do Vaticano que mediará o diálogo entre o governo e a oposição.

    A jornalista viajou a convite da Secretaria Iberoamericana

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