• Mundo

    Saturday, 04-May-2024 18:05:04 -03

    Na Venezuela, governo e oposição acertam temas de diálogo

    DA AFP

    31/10/2016 09h38 - Atualizado às 21h44

    Opositores e governo venezuelano acordaram na segunda-feira (31) as bases em que manterão o diálogo para contornar a crise política no país.

    Acompanhados por membros da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e do Vaticano, delegados de ambas as partes decidiram que voltarão a se encontrar em 11 de novembro, em Caracas. Cada lado poderá levar um representante para quatro mesas de diálogo.

    Marco Bello/Reuters
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de reunião entre governo e oposição ao lado dos representantes do Vaticano (esq.) e da Unasul (dir.)
    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de reunião entre governo e oposição ao lado dos representantes do Vaticano (esq.) e da Unasul (dir.)

    A primeira rodada discutirá paz, respeito ao Estado de direito e à soberania. A segunda, verdade, justiça, direitos humanos, reparação de vítimas e reconciliação.

    A terceira discorrerá sobre a crise econômica e social e a severa crise de escassez de alimentos e remédio no país. Por fim, a quarta mesa tratará da geração de confiança e cronograma eleitoral, indicou o documento.

    A oposição afirmou que não recuará em pedir a saída antecipada do presidente Nicolás Maduro –advogam ou pela retomada do referendo revogatório ou pelo adiantamento das eleições–, além da liberação de opositores presos pelo governo venezuelano.

    Ambos os lados concordaram em "diminuir o tom de agressividade da linguagem no debate político", segundo o texto final da reunião.

    O representante do governo, Jorge Rodríguez, afirmou que nascia ontem "uma possibilidade certa de que a paz se imponha para sempre sobre a violência". Ele também diz que o governo se compromete com "resultados certeiros e rápidos".

    PROTESTOS

    Mas o secretário-executivo da frente de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD), Jesús Torrealba, anunciou que, de modo paralelo ao diálogo, a oposição manterá a estratégia contra o governo, que combina protestos nas ruas e a declaração de Maduro em "abandono de cargo" por parte do Parlamento, de maioria opositora.

    Há uma grande manifestação contra Maduro marcada para a próxima quinta (3), em que venezuelanos planejam marchar vestidos de branco em direção ao Palácio Miraflores, sede do governo. Os organizadores dizem que o objetivo do protesto é garantir as mudanças na Venezuela.

    No mesmo dia, governistas também programaram uma caminhada pela cidade, que cruzará com a manifestação adversária Elías Jaua, representante do governo no diálogo com a MUD, diz que a marcha dos opositores não está autorizada e que, caso ocorra, será uma ameaça à paz. Ele afirmou que as forças de segurança "não podem permitir que uma marcha opositora entre em conflito com as bases sociais do chavismo".

    Segundo Jaua, a proibição busca evitar confrontos como os de 11 de abril de 2002, quando o ex-presidente Hugo Chávez sofreu um golpe de Estado e quando uma manifestação da oposição até Miraflores terminou em violência, com 19 mortos.

    VISITA

    Ainda na segunda-feira, Maduro recebeu o subsecretário dos EUA para assuntos políticos, Thomas Shannon.Ele desembarcou ontem em Caracas para transmitir o apoio de Washington ao diálogo ente governo e oposição na Venezuela.

    Os dois se reuniram brevemente no Palácio de Miraflores e não fizeram declarações públicas após o encontro.

    Shannon estará na Venezuela até quarta-feira. Na agenda, previu encontros com funcionários do primeiro escalão do governo venezuelano, membros da oposição política e representantes da sociedade civil.

    Ambos os países não mantêm embaixadores próprios no outro desde 2010.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024