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    No Arizona, Hillary mira latinos e faz projeção assustadora de gestão Trump

    ISABEL FLECK
    ENVIADA ESPECIAL A PHOENIX

    03/11/2016 04h27

    Horas depois de uma nova pesquisa apontar Donald Trump cinco pontos à sua frente no Arizona e a seis dias da eleição, a candidata democrata Hillary Clinton jogou, em seu discurso nos arredores de Phoenix, todas as fichas em uma projeção assustadora do que seria um governo do rival –especialmente para os latinos.

    "Imagine um presidente que rebaixe as mulheres, zombe dos deficientes, insulte os latinos, afroamericanos, muçulmanos, prisioneiros de guerra, que coloca as pessoas umas contra as outras, em vez de uni-las", disse Hillary à plateia estimada pela organização em 15 mil pessoas no campus da Universidade Estadual do Arizona em Tempe, subúrbio de Phoenix.

    Jewl Samad/AFP Photo
    Hillary Clinton durante comício de campanha em Tempe, no Arizona
    Hillary Clinton durante comício de campanha em Tempe, no Arizona

    A democrata, no entanto, desenhou um cenário ainda pior para os hispânicos, que são 21% dos eleitores do Estado. "Imagine um presidente que tem prometido ter uma grande máquina de deportação, para acuar milhões de imigrantes, e expulsá-los sabendo que famílias vão ser divididas mas que também a nossa economia vai ser afetada", disse, prevendo que Trump enviaria agentes "de casa em casa, escola em escola, comércio em comércio" atrás dos imigrantes.

    Após 1h30 de atraso, Hillary subiu ao palanque para pedir que os milhares de apoiadores a ajudassem a aproveitar "a real chance de tornar esse Estado azul de novo". O Arizona votou nos últimos 20 anos com os republicanos, mas, nesta disputa, apresentava um cenário de empate até o início da semana.

    "Algumas pessoas dizem que o que eles querem é mudança. Bem, deixem-me dizer uma coisa: a mudança é certa, nós teremos mudança. A questão é que tipo de mudança teremos", disse Hillary, que depois ressaltou que os EUA precisam de um presidente que "construa pontes e não muros".

    O comício de Hillary no Arizona –o primeiro dela no Estado desde a véspera da primária democrata local, em março– mostra a oportunidade que sua campanha viu em seus eleitores. Nesta quinta-feira (3), será a vez de o candidato a vice pela chapa, Tim Kaine, fazer dois comícios no Arizona. O primeiro, em Phoenix, será todo em espanhol, mirando os latinos.

    Uma pesquisa CNN/ORC divulgada nesta quarta-feira, no entanto, mostrou Donald Trump cinco pontos à frente no Arizona: 49% a 44%. Até o início da semana, a média de sondagens feita pelo site Real Clear Politics apontava um empate no Estado.

    O resultado se dá após um revés para Hillary, que se tornou alvo de mais uma investigação do FBI (polícia federal americana) relacionada ao uso não autorizado de um servidor privado de e-mail quando ela era secretária de Estado (2009-2013).

    Antes de Hillary, a ex-deputada pelo Arizona, Gabby Giffords, que sofreu uma tentativa de assassinato em 2011 em Tucson, subiu ao palco. Com dificuldade de andar e falar –Giffords levou um tiro na cabeça–, ela pediu que todos trabalhassem juntos "para eleger Hillary presidente". "Ela irá contra o lobby das armas", disse. "Falar pra mim é difícil, mas uma coisa eu quero dizer em janeiro: 'senhora presidente'."

    MIKE PENCE

    Mais cedo, em Mesa, também no subúrbio de Phoenix, o candidato republicano a vice-presidente, Mike Pence, discursou para cerca de 400 pessoas, pedindo que votassem o mais rápido possível e levassem outros para votar no Estado.

    "Amigos não deixam os amigos votarem sozinhos", brincou, acrescentando que é hora de convencer os eleitores que não moram no Estado a "voltar para eleger Trump". "O Arizona nunca esteve em dúvida", afirmou.

    Numa plateia visivelmente mais diversa que a do comício de Pence, a estudante muçulmana Hayat Mohamed, 16, aguardou pacientemente Hillary por mais de três horas. "Temos que fazer de tudo na reta final, porque a disputa está muito apertada e se Trump for eleito, a vida não só dos muçulmanos mas de outras minorias vai mudar dramaticamente", disse Mohamed, que ainda não vota, mas tem participado como voluntária na campanha democrata.

    Para a pequena empresária Nancy, 47, que estava no comício de Pence, é a possibilidade de Hillary vencer que amedronta. "Eu espero que ela não ganhe aqui nem no resto do país. É uma pessoa em quem não podemos confiar."

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