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    Sistema inédito nas eleições dos EUA projeta voto antes de urna fechar

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    ENVIADA ESPECIAL A MIAMI

    08/11/2016 22h34

    Pela primeira vez na história recente das eleições americanas, foram divulgadas projeções de votação antes do fechamento das urnas. O Votecastr, mecanismo para projetar votos em tempo real, dizia no meio da tarde de terça (8) que a democrata Hilary Clinton estava na frente em estados importantes como Flórida, Ohio e Colorado.

    O Votecastr começou a divulgar projeções sobre cada Estado às 11h, baseadas em um modelo que usa porcentagem de comparecimento em locais chave de votação com pesquisas eleitorais realizadas até o dia 7. Com isso, ao longo do dia, o sistema soltava quantos prováveis eleitores de cada candidato haviam votado e quem, portanto, estaria ganhando naquele momento.

    Investidores afirmaram que os dados da Votecastr haviam levado a uma alta na Bolsa –o mercado acha que Hillary trará mais estabilidade à economia.

    Mas havia dúvidas em relação à exatidão das projeções e o mecanismo enfrentou alguns problemas.

    A divulgação dos dados foi lenta, porque houve problemas na transmissão dos resultados para o Slate, e as informações sobre comparecimento de eleitores vieram de forma mais devagar que o esperado, segundo informou o Votecastr.

    O mecanismo usou dados errados em seus resultados do Estado de Nevada, que foram corrigidos posteriormente. Pesquisadores apontavam também que o mecanismo não conseguia captar as variações de volume de eleitores votando nos diferentes horários, o que mudaria as projeções.

    Como funcionam as eleições americanas

    É bom lembrar que nem as pesquisas de boca de urna são 100% confiáveis –em 2004, vários veículos de mídia anunciaram equivocadamente a vitória de John Kerry sobre George W Bush, baseados em dados de boca de urna.

    Alguns analistas criticaram a iniciativa, porque teriam o potencial de afetar o resultado das urnas, ao influenciar os eleitores. Em 1980, o ex-presidente Jimmy Carter teria sido prejudicado quando as TVs noticiaram resultados parciais na costa leste que favoreciam o republicano Ronald Reagan.

    Por isso, tradicionalmente, representantes de um consórcio de veículos de mídia (Associated Press, ABC News, CBS News, CNN, Fox News e NBC News) ficam fechados em uma sala isolada, sem internet ou celular, acompanhando as pesquisas de boca de urna, mas sem divulgar nada antes de as urnas fecharem, às 17h.

    O temor é que, ao ver um dos candidatos muito à frente, eleitores desistam de votar. O estrategista-chefe do Votecastr disse à Folha que discorda da crítica. "Pode até ser positivo e aumentar a motivação das pessoas para votar, ao verem que está bastante competitivo", disse Sasha Issenberg.

    "Havia um acordo de cavalheiros entre as agências de notícias e as TVs, que decidiam de forma paternalista o que era melhor para o país. Nós achamos que os cidadãos podem ser confiados com esse tipo de informação", afirmou.

    O Votecastr é uma startup de ex-integrantes do governo Obama e Bush Filho e fez uma parceria com a Slate e a Vice News para divulgação.

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