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    Eslovena, nova primeira-dama dos EUA é 'mãe em tempo integral'

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    09/11/2016 15h37 - Atualizado às 09h38

    Quando, durante a campanha, uma liga estelar que incluía Beyoncé, Bruce Springsteen e Madonna se alinhou por Hillary Clinton, Donald Trump provocou: "Sou só eu, mas tenho minha família, tenho minha família".

    Até desafetos do presidente eleito dos EUA reconhecem: ele é um homem família. "Respeito seus filhos", disse a democrata num debate. "Eles são capazes e devotados, e acho que isso diz um bocado de Donald."

    Donald John Trump, o homem que já exaltou a importância da linhagem ao se dizer "um membro do sortudo clube do esperma", sempre levou o clã para o centro de sua política.

    É pai de cinco filhos –Donald Jr., 38, Ivanka, 35, e Eric, 32, com a primeira mulher, a ex-modelo checa Ivana, Tiffany, 23, com a segunda mulher, a atriz estadunidense Marla Maples, e Barron, 10, com a ex-modelo eslovena Melania.

    Futura primeira-dama, Melania, 46, teve papel mais acanhado na campanha do homem com quem se casou em 2005, num vestido de US$ 100 mil da Dior e uma lista de convidados como o casal Hillary e Bill Clinton, os rappers Usher e P. Diddy e o político-ator Arnold Schwarzenegger.

    Fez dois discursos solos. Os elogios ao primeiro, durante a convenção republicana, em julho, duraram pouco. Horas depois, descobriu-se que sua fala tinha trechos idênticas a uma da atual primeira-dama, Michelle Obama, em 2008.

    O episódio foi mal digerido por Trump a princípio, mas em outubro virou piada: o então candidato brincou, durante jantar de gala em Nova York, que a mídia era mesmo enviesada: aplaudiu Michelle em 2008 e, oito anos depois, atacou sua mulher "pelo mesmíssimo discurso".

    A cinco dias da eleição, Melania voltou aos holofotes. No mesmo subúrbio da Filadélfia de onde vieram a princesa da vida real Grace Kelly e a ficcional "esposa-troféu" Betty Draper ("Mad Men"), ela disse que seria uma primeira-dama como nenhuma outra. Elegeu como sua missão, caso o marido fosse eleito, combater o bullying virtual contra crianças e adolescentes, numa cultura que "ficou muito malvada e dura, especialmente com eles".

    Casada com Trump, malvado e duro com tantos no Twitter, Melania lembrou ainda de quando tinha dez anos e, vivendo num país sob guarda da União Soviética, "aprendeu que um homem chamado Ronald Reagan virou presidente dos EUA".

    A hoje "mãe em tempo integral" de Barron será uma primeira-dama estrangeira inédita em quase dois séculos (a última foi a londrina Louisa Adams, mulher de John Quincy Adams, presidente de 1825 a 1829).

    A poliglota Melania (fala esloveno, sérvio, inglês, francês e alemão) estudou arquitetura e design no país natal e trabalhou como modelo pela Europa antes de se mudar para os EUA, em 1996. Por sete semanas, pode ter burlado as regras de imigração do país: ganhou ao menos US$ 20 mil de cachê sem ter visto de trabalho, só de visitante, segundo reportagem da Associated Press.

    Ela já posou para nomes como Mario Testino e estampou páginas de revistas como "Vogue" e "Sports: Illustrated". Foi numa festa do universo da moda que conheceu o futuro marido, conforme contou para a "Harper's Bazaar": "Ele queria meu número, mas estava acompanhado, então claro que não dei". Quem pediu o telefone dele foi ela.

    Em março, quando Trump travava uma acirrada disputa com o senador Ted Cruz nas prévias republicanas, uma antiga foto sua voltou a circular na internet.

    Vestia gargantilha e pulseira de brilhantes e nada mais. Estava de bruços sobre um tapete de pele de urso, no jato particular de Donald Trump, então seu namorado.

    "Sexo a 9.000 m de altura: Melania Knauss faz por merecer suas milhas aéreas", dizia a chamada na capa da edição britânica da revista "QG", para a qual posou cinco anos de virar oficialmente a sra. Trump.

    No mesmo ano de seu casamento, numa mansão da Flórida, Trump conversou com Billy Bush, apresentador de TV e parente dos ex-presidentes republicanos, sobre como gostava de "pegar [mulheres] pela xoxota".

    O papo informal foi gravado sem seu conhecimento e, 11 anos depois, vazou a um mês da eleição. Melania deu entrevistas para defender o marido, que teria se engajado numa típica "conversa de garoto", nada mais.

    "Algumas vezes acho que tenho dois garotos em casa, meu filho Barron e ele", disse sobre Trump, que tinha 59 anos quando fez os comentários sobre se sentir atraído pelos lábios de mulheres bonitas "como um imã".

    Melania repeliu a hipótese de que o marido seja um predador sexual, após 11 mulheres o acusarem de ir além das palavras e ter tentado boliná-las à força, em acusações que voltam mais de três décadas. Mas reclamou de mulheres que assediavam o marido e lhe davam seus telefones, "na minha frente e mesmo sabendo que ele era casado".

    OS FILHOS

    Com exceção do caçula, todos os filhos se engajaram na campanha do pai.

    A predileta, Ivanka, apresentou-o na convenção, num discurso que fez o site "Politico" cravar: "Uma estrela política pode ter nascido".

    Durante a corrida, ela se vendeu como prova de que Trump não era misógino –nas empresas da família, afinal, ela e outras mulheres sempre lutaram de igual para igual com os homens, dizia.

    Donald Trump Jr. seguiu a linha polêmica do pai ao compartilhar montagem comparando sírios que fogem da guerra a uma cumbuca de Skittles. "Se eu dissesse que apenas três [das balinhas] poderiam te matar, você pegaria um punhado? Esse é o nosso problema com os refugiados", dizia a legenda na foto.

    O fotógrafo da imagem, um refugiado do Chipre que mora na Europa, processou a campanha por infração de direitos autorais.

    Meses antes, outra polêmica: Júnior dividiu um programa de rádio com um supremacista que descrevia "sexo interracial como genocídio branco". Depois afirmou não saber de antemão a ideologia do outro convidado.

    Na véspera da eleição, ele e as irmãs Ivanka e Tiffany deram uma entrevista à Fox News. O pai, disse seu primogênito, cuidaria bem "dos americanos reais".

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