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    Califórnia tem noite de protestos com incêndios e prisões

    FERNANDA EZABELLA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE LOS ANGELES

    10/11/2016 07h16

    Josh Edelson/AFP Photo
    Manifestante com bandeira americana durante protesto anti-Trump em Oakland, na Califórnia
    Manifestante com bandeira americana durante protesto anti-Trump em Oakland, na Califórnia

    Um carro da polícia e diversos sacos de lixo foram incendiados durante protestos contra o presidente eleito Donald Trump na cidade de Oakland, ao norte da Califórnia, na noite de quarta-feira. Várias pessoas foram detidas.

    Em Los Angeles, ao sul, uma manifestação pacífica terminou com ao menos 13 pessoas presas após um grupo invadir uma das principais freeways e causar quilômetros de congestionamento.

    Cartazes e gritos de "respeite nossas mulheres" e "a vagina ataca de volta" dominaram a passeata em Los Angeles, além de bandeiras do México e palavras de ordem a favor dos imigrantes, grupos que foram bastante hostilizados durante a campanha de candidatura do bilionário nova-iorquino. Cerca de 5 mil pessoas se reuniram em frente à prefeitura e depois se espalharam pelo centro da cidade.

    Um porco de papel machê com a cara de Trump foi pendurado num farol por um garoto com uma camiseta da banda Joy Division, que escondia o rosto e balançava uma bandeira mexicana. Outro boneco com o rosto de Trump foi incendiado, formando uma nuvem de cinzas entre os presentes.

    "O problema não é tanto Trump e sim a plataforma que ele criou para as pessoas poderem ser racistas e discriminatórias sem remorso", disse a estudante Joceline Renero, 19, com lágrimas nos olhos. "Minha mãe chorou a manhã toda. Acho que vivemos numa bolha aqui em Los Angeles, por isso o choque foi tão grande."

    A professora muçulmana de árabe Yafa Aweinat, 28 anos, veio com uma amiga e disse que passou o dia acalmando seus estudantes, crianças e adolescentes. "Estou tranquila e falamos sobre como não precisamos ter medo de Trump. Se fizermos as coisas certas, Deus estará do nosso lado sempre", disse Yafa, que não votou em nenhum candidato a presidente, apenas nos referendos locais.

    A manifestação deixou a prefeitura e completou uma volta de mais de uma hora pelo centro da cidade, passando por Skid Row, região conhecida pela população de rua, que dobrou de tamanho nos últimos anos. A sem-teto Sandra, 53 anos, arrumava sua tenda de acampamento na calçada enquanto a multidão passava fazendo barulho.

    "Estou brava porque picharam meu prédio", disse, sobre o edifício em frente onde se instalou provisoriamente faz seis meses. "Odeio Trump, mas não preciso sair às ruas. A sociedade não está pronta para uma presidente mulher."

    Já em Oakland, onde protestos têm acontecido desde a noite anterior, cerca de 7.000 pessoas se reuniram pacificamente no centro da cidade, mas um grupo passou a causar tumultos atirando garrafas e colocando fogo em lixos e ao menos num carro da polícia.

    A prefeita Libby Schaaf divulgou um comunicado pedindo aos residentes para canalizar suas frustrações em trabalho voluntário para a comunidade. "A melhor maneira de protestar contra esta eleição é mostrar que Oakland se une e não desmorona. Vamos mostrar que cidades progressistas e diversificadas como a nossa trabalham e se mantêm comprometidas com a justiça social", disse.

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