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    Alta abstenção prejudicou votação de Hillary entre jovens e minorias

    MARCELO NINIO
    ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

    11/11/2016 02h00

    Quatro dias antes da eleição que entregou a Casa Branca a Donald Trump, o chefe de campanha de Hillary Clinton, Robin Mook, mostrava-se confiante na vitória da democrata, apostando numa "parede" de apoio das minorias negra e latina que, segundo suas previsões, impediria a vitória do bilionário.

    A aposta não se concretizou, por vários motivos. Apesar do esforço na reta final de mobilizar o eleitorado afroamericano e repetir a "coalizão Obama", que em 2008 e 2012 foi decisiva para eleger o presidente, o comparecimento às urnas foi menor que nas duas eleições, debilitando as chances de Hillary.

    Segundo estimativas, o índice de votação em 2016 foi de 52,18%, o menor em eleições presidenciais desde 2000. Uma parte importante da "coalizão Obama" perdida por Hillary foi a de jovens, que se mostraram desiludidos com ambos os candidatos.

    Com a vitória de Trump, muitos agora sentem a dor de não terem ido votar em Hillary, mesmo sem ter nenhum apreço por ela.

    "Vários amigos estão arrependidos de terem desperdiçado o voto, mas eu também culpo o Partido Democrata por não ter escolhido um nome melhor que Hillary", disse à Folha por telefone o ativista sindical Mike Wang, 23, enquanto participava de uma manifestação contra Trump em Washington.

    Um bom exemplo do impacto negativo do baixo comparecimento para o colapso de Hillary foi o Estado de Wisconsin, onde um candidato democrata não perdia desde 1988. O índice de votação no Estado foi de 66%, o menor desde 1996. Trump levou os dez votos de Wisconsin no Colégio Eleitoral com uma diferença de menos de um ponto de vantagem, apesar de ter tido praticamente o mesmo número de votos recebidos pelo candidato republicano em 2012, Mitt Romney.

    A votação para os candidatos nanicos Gary Johnson (Partido Libertário) e Jill Stein (Partido Verde) também pode ter sido um tiro mortal para Hillary, já que muitos de seus eleitores eram inclinados para o lado democrata. Johnson teve 3% dos votos, enquanto Stein levou 1%.

    Além disso, Trump surpreendeu ao receber mais votos de eleitores negros e latinos do que o esperado, depois de uma campanha em que fez pouco esforço para conquistar a primeira minoria e antagonizou com a segunda, ao chamar imigrantes mexicanos de "estupradores" e prometer a deportação daqueles em situação irregular e a construção de um muro na fronteira com o México.

    De acordo com uma pesquisa de boca de urna da rede CNN, Trump teve desempenho melhor em ambos os grupos que Romney. Há quatro anos, negros depositaram 13% dos votos, 93% para Obama. Em 2016, a fatia caiu para 12% e Hillary teve 88%, dos votos, contra 8% para Trump.

    Mais surpreendente foi o voto latino para Trump, que chegou a quase um terço do total, superando o apoio a Romney em dois pontos (29% contra 27%).

    Ao jornal "USA Today" a cubana Denise Galvez, cofundadora do grupo "Latinas por Trump", na Flórida, disse que nunca levou a sério a promessa do bilionário de deportação e que a aversão da minoria ao bilionário foi exagerada pela mídia.

    "A forma como o ódio dele a todos os hispânicos e imigrantes foi explorada é ridícula", disse.

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