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    Provável gabinete de Trump é obstáculo à promessa sobre corrupção

    DO "NEW YORK TIMES"

    11/11/2016 15h06

    As propostas de Donald Trump relativas à ética na política não receberam muita atenção quando ele as apresentou, na parte final de sua campanha (na época, o noticiário era dominado por suas alegações de que a eleição seria manipulada).

    Agora que o presidente eleito Trump está formando seu governo, o plano merece atenção. Ele vai muito além das restrições já existentes para frear a porta giratória pela qual políticos saem do governo e alcançam riqueza.

    Trump pretende proibir funcionários do Executivo de atuar como lobistas por cinco anos depois de deixarem seus cargos públicos, e ele quer pedir que o Congresso faça o mesmo com os parlamentares e seus assessores. Trump diz que também quer uma proibição vitalícia para impedir membros seniores do Executivo de fazerem lobby para governos estrangeiros.

    Os regulamentos já existentes os proíbem de tornarem-se lobistas por dois anos depois de deixarem o Executivo. Pelas regras que Trump visualiza, a definição de lobista seria ampliada para abranger consultores pagos, uma brecha usada habitualmente por ex-parlamentares que vão trabalhar para firmas de lobby de Washington.

    Para Trump, as novas regras são importantes para cumprir sua promessa de campanha de "drenar o pântano" de Washington, promover mudanças ao atacado e acabar com a corrupção. Lamentavelmente, os nomes que estão sendo aventados para cargos de destaque em sua administração –Newt Gingrich, Chris Christie e Rudy Giuliani– não inspiram confiança na possibilidade de tais mudanças possivelmente positivas.

    Longe de assinalarem algo de novo e inspirador, esses três políticos implacavelmente ambiciosos representam um passado mesquinho e vingativo.

    Juntos, os três carregam suficiente bagagem política desgastada para abranger desde a paralisação governamental de 20 anos atrás em que Gingrich, então presidente da Câmara, atuou como provocador principal, até o escândalo Bridgegate, que marcou o governo incivilizado de Christie em Nova Jersey.

    São especialmente assustadoras as especulações de que Giuliani estaria sendo cogitado para ser o próximo secretário de Justiça, considerando que ele atuou como o cão de ataque da campanha de Trump contra a "trapaceira" Hillary Clinton, pedindo que após a eleição fosse nomeado um promotor especial para levar adiante o ataque contra os hábitos esquivos dela relativos a e-mails.

    Também foi surpreendente que Gingrich, entre todos os mensageiros possíveis, tenha saído do círculo de pessoas mais próximas a Trump para prometer que a nova administração implementará "reformas éticas dramaticamente mais duras" Como presidente da Câmara, Gingrich teve seu próprio enfrentamento com o comitê de ética em 1997, quando a Câmara decidiu, por 395 votos contra 28, multá-lo em US$300 mil e lhe dar uma reprimenda por ter usado dinheiro isento de impostos para promover objetivos republicanos e transmitir informações falsas ao comitê.

    Talvez Gingrich, que desde deixar seu cargo público ganhou uma fortuna como consultor e orador pago, tenha se reformado. Ou talvez Trump esteja calculando que é preciso um político que faz as coisas pela metade para economizar para agarrar um político que faz economias fazendo as coisas pela metade.

    As propostas de Trump arrancaram elogios de grupos que fiscalizam Washington. Algumas delas precisariam ser aprovadas pelo Congresso, o que significa que servirão para avaliar até que ponto as lideranças republicanas apoiam o portador da bandeira de seu partido.

    Essas propostas éticas mais rígidas são uma parte crucial da agenda anunciada de Trump. Como os nomes que ele vai escolher para cargos em sua administração, as propostas oferecerão uma das primeiras oportunidades de pôr à prova suas promessas de desafiar a cultura de 'insiders' da capital.

    Editorial do jornal "The New York Times" publicado nesta sexta-feira (11).

    Tradução de Clara Allain

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