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    eleições nos eua

    Republicanos veem desafio de refazer partido após vitória de Trump

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK
    ISABEL FLECK
    ENVIADA ESPECIAL A CLEVELAND (OHIO)

    13/11/2016 14h14

    Para o Partido Republicano, é o fim de uma era e o começo de outra: a era de Donald Trump. Com a vitória inesperada do empresário, a legenda reforça sua guinada à direita e marginaliza líderes até ontem poderosos, como Mitt Romney e os Bush.

    Em 2013, após a derrota de Romney para Barack Obama, os republicanos divulgaram um documento chamado de "autópsia". O defunto era o próprio partido.

    Naquela campanha, os democratas os acusaram de descaso com hispânicos e negros. Os rivais cederam: eles estavam certos.

    Um filiado então pouco levado a sério tuitou: "O novo relatório do partido pede uma 'reforma abrangente da imigração'. Eles são suicidas?". Trump ganhou 134 curtidas no tuíte. Três anos depois, elegeu-se presidente.

    Parecia um tiro no pé um discurso que acenava aos "americanos esquecidos" e alienava sobretudo latinos.

    Até a véspera da eleição, discutia-se abertamente o futuro do partido: como se aproximar das minorias sem perder a base branca que se rebelava contra Washington. Agora, alguns tentam se manter na órbita do poder.

    O presidente da Câmara, Paul Ryan, sempre foi reticente em relação a Trump. Marcou só um comício com ele, logo cancelado -na véspera, emergiu o vídeo de 2005 em que o bilionário falava de "pegar mulheres pela xoxota".

    Na quarta (9), Ryan recebeu Trump no Congresso e, só sorrisos, disse: "Ele ouviu uma voz que ecoava no país e que ninguém mais ouviu."

    Após orquestrar para derrubá-lo nas prévias, o presidente da legenda, Reince Priebus, hoje é aposta para o novo governo.

    A estrategista republicana Ana Navarro era uma anti-Trump radical. Hoje, resigna-se. "Tenho que entender que o homem que chamei por meses de ameba laranja é o meu presidente."

    O "mea culpa" persegue os republicanos desde que Trump superou 16 adversários nas prévias. "Eram todos ótimos candidatos. Ninguém esperava nada dele.

    Se ele ganhar, pega as rédeas do partido", disse à Folha o estrategista John McLaughin um dia antes do pleito.

    "Nós, no establishment, subestimamos muito o quão insatisfeitos estavam nossos eleitores pelos fracassos da globalização e o nosso fracasso em não oferecer políticas que lhes dessem confiança", afirmou à Folha Kori Schake, que assessorou Bush filho e ajudou McCain em 2008.

    Schake assinou carta em agosto na qual 50 republicanos diziam que Trump não servia para presidente.

    Agora, acredita que o partido precisará ainda mais abraçar as inquietações da base do presidente eleito. "A visão de Trump é distópica, e as pessoas o apoiaram porque têm medo das mudanças que estão experimentando."

    Para tentar superar o racha, a relação com Câmara e Senado, ambos de maioria republicana, será essencial, afirma David Hopkins, do Boston College.

    "Se Trump quiser se afirmar e colocar a sua marca em tudo, vai gerar uma situação muito complicada e até disfuncional com o Congresso."

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