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    Latinos, feministas e grupos LGBT lideram protestos na Califórnia

    FERNANDA EZABELLA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    14/11/2016 02h00

    O artista Harvey Del Rei caminhava pelo quinto e maior dia de protestos em Los Angeles contra o presidente eleito Donald Trump, na manhã de sábado (12), e cumprimentava com um aperto de mão cada um dos policiais que via, a maioria posicionada para evitar que os manifestantes invadissem estradas.

    "Não quero que sintam que estamos aqui contra eles. Estamos aqui para ter nossas vozes ouvidas. Estamos aqui pelos direitos dos que não se sentem bem-vindos numa administração de Donald Trump", disse Harvey, 30 anos, mexicano gay que veio de Guadalajara quando tinha cinco anos. Sua mãe tem cidadania; ele ainda não.

    "Não protesto para mudar o resultado da eleição. Estou aqui para mostrar que tenho orgulho de quem sou", continuou o artista. De preto, vestia camiseta com a travesti do filme "Pink Flamingos".

    A população latina, que ultrapassa a de brancos na Califórnia, pode ser a mais prejudicada no Estado pelo governo de Trump, já que o bilionário nova-iorquino fez dos mexicanos um dos principais alvos na campanha.

    Um dos principais organizadores da manifestação de sábado era um grupo político independente chamado Unión del Barrio, que há 30 anos se dedica à luta dos que vivem na fronteira. Seus participantes levavam bandeiras de países da América Latina, incluindo uma do Brasil.

    Benjamin Prado, ativista do Unión del Barrio, ajudou a instalar um sistema de som, falou ao público em inglês e espanhol e passava o microfone para líderes de outros movimentos.

    "Estamos aqui pra defender a dignidade da nossa comunidade. O abuso policial, a prisão em massa, a discriminação, nada disso é novo para nós, e com Trump vai piorar", disse Benjamin à Folha; ele não quis contar em quem votou. "Não tinha ninguém para votar. Democratas e republicanos representam a mesma coisa, não conhecem a nossa realidade."

    Entre os que tomaram a palavra estavam uma muçulmana representante de mulheres do sudoeste da Ásia e do norte da África, um ativista da comunidade de filipinos e um garoto de 12 anos, da terceira geração de imigrantes do México. "Como vocês se sentem com o presidente eleito?", ele perguntou à multidão, que vaiou em resposta. "Vamos provar que Trump está errado sobre nós. Unidos, somos mais fortes."

    Feministas também formavam grande parte da manifestação, com cartazes fazendo menção à frase de Trump sobre "pegar mulheres pela xoxota". "Queremos mostrar aos apoiadores de Trump que não estamos para brincadeira, vamos defender nossos direitos", disse a professora Palmira Correa, 30 anos. "Como mulher e negra, passo medo a minha vida inteira. Estou cansada, triste."

    Ao contrário das quatro noites anteriores, a manifestação da manhã de sábado foi pacífica. "Adoro protestos, já estive em muitos em duas décadas de serviço", disse o policial Gregory, que trabalhava de bicicleta. "As pessoas vem para praticar seu direito e para botar pra fora."

    Em Oakland, norte da Califórnia, e em Portland, no Estado vizinho de Oregon, os protestos do final de semana também foram mais tranquilos em comparação com os anteriores, quando houve confrontos, uma pessoa foi baleada e policiais se feriram.

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