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    Em discurso em Atenas, Obama reconhece 'desafios da democracia'

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    16/11/2016 11h09 - Atualizado às 16h06

    Pablo Martinez Monsivais/AP
    Obama discursa em Atenas, na Grécia
    Obama discursa em Atenas, na Grécia

    Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, discursou nesta quarta-feira (16) em Atenas, na Grécia, sobre os desafios da democracia.

    No mesmo ano em que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia e os EUA elegeram o republicano Donald Trump para a Presidência, Obama afirmou que "a história nos dá esperanças".

    Sua viagem a Atenas e, na mesma tarde, a Berlim faz parte de seu último giro internacional. Uma de suas tarefas será convencer os aliados europeus a de fato ter esperanças em sua relação com os EUA, em meio aos temores trazidos pela inesperada eleição de Trump.

    Obama reconheceu que há desafios na democracia, exarcebados pela globalização e pela distância entre os governos e os cidadãos.

    "Democracia é simples quando todo o mundo se parece. É mais difícil quando há pessoas vindas de uma variedade de contextos tentando viver juntos", disse, referindo-se à recente crise dos refugiados na Europa.

    "Em nosso mundo globalizado, com a migração de pessoas, a mistura de forças em muitas vezes causa tensões e acentua diferenças."

    Obama afirmou, ainda, que a democracia carece de uma correção de trajetória, para garantir que os benefícios de uma economia global sejam distribuídos de maneira mais igual a mais pessoas.

    ÚLTIMA TURNÊ

    Obama se reúne na quinta-feira (17), em Berlim, com a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente francês François Hollande, o premiê italiano Matteo Renzi e a premiê britânica Theresa May.

    Merkel é a principal aliada de Obama. Ambos publicaram um artigo em conjunto na revista alemã "WirtschaftsWoche" defendendo um acordo de livre comércio entre EUA e UE, em contraste com as declarações recentes do republicano Trump.

    O presidente americano tentará tranquilizar os parceiros europeus em relação a a Trump. A transição americana é hoje vista com apreensão pela União Europeia.

    "O próximo presidente americano e eu não poderíamos ser mais diferentes", Obama afirmou em Atenas. "Nós temos pontos de vista bastante distintos, mas a democracia americana é maior do que qualquer pessoa."

    Trump criticou, no passado, a participação americana na Otan (aliança militar ocidental), exigindo maior contribuição europeia ao orçamento e questionando a obrigação de defender os aliados no caso de haver um ataque da Rússia um dos fundamentos desse tratado.

    A própria aproximação entre Trump e Vladimir Putin, presidente russo, causa ansiedade. A Rússia é, afinal, a principal rival da Otan.

    Na terça-feira (15), também em Atenas, Obama havia afirmado a repórteres que o mundo precisa proteger-se contra o crescimento dos movimentos nacionalistas, no que foi entendido como uma crítica indireta a Trump.

    O presidente americano citou a Europa como exemplo. Ele disse que continente viu, no século 20, um "banho de sangue", referindo-se às duas guerras mundiais.

    A onda conservadora personificada nos EUA por Trump tem equivalentes também na Europa. O nacionalismo tem crescido na França e na Alemanha. A Áustria pode ser, em dezembro, o primeiro país da União Europeia a eleger um chefe de Estado de extrema-direita.

    Outra preocupação europeia em relação à Presidência de Trump, além da Otan, é o comércio. Está em negociação um acordo entre EUA e a União Europeia, já criticado por Trump. O bloco econômico exportou aos EUA o equivalente a 371 bilhões de euros em 2015 e importou 248 bilhões de euros.

    Brendan Smialowski/AFP
    Obama visita a Acrópole em Atenas, na Grécia
    Obama visita a Acrópole em Atenas, na Grécia
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