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    'Primeiro-genro' é VIP no novo governo de Donald Trump

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    18/11/2016 02h00

    Desde que emergiu na política, Donald Trump deu vários sinais de que não dá ouvidos a muitos. O genro Jared Kushner faz parte desse círculo VIP.

    Prova da confiança que Trump deposita no marido da filha Ivanka: segundo a mídia americana, pediu que Kushner seja liberado para ter acesso a informações classificadas recebidas pelo presidente —grandes segredos da nação, como ações secretas em outros países.

    Mike Segar - 7.jun.2016/Reuters
    Republican U.S. presidential candidate Donald Trump speaks as his son-in-law Jared Kushner (L), daughter Ivanka listen at a campaign event at the Trump National Golf Club Westchester in Briarcliff Manor, New York, U.S.
    Donald Trump fala em comício em Nova York ao lado de sua filha Ivanka e do genro, Jared Kushner

    Sua equipe de transição não nega nem confirma. O que ninguém questiona é a influência de Kushner, 35, sobre o pai da mulher.

    Atribui-se a ele o rebaixamento de aliados de Trump: o ex-diretor de campanha Corey Lewandowsky, por mais atrapalhar do que ajudar, e o governador de Nova Jersey, Chris Christie, como troco por uma mágoa guardada há 11 anos.

    Graças a Christie, procurador de seu Estado em 2005, o pai de Kushner –magnata do setor imobiliário que doava para campanhas democratas– foi condenado a dois anos de prisão.

    Christie processou Charles Kushner por sonegar impostos e pagar US$ 10 mil a uma prostituta para seduzir o marido da irmã, que acreditava estar o delatando, até um motel —lá uma câmera escondida gravou os dois.

    Jared Kushner também trabalha com imóveis e é dono de um jornal, o "New York Observer". Nele escreveu em julho: ""Digo que Trump é um teste de Rorschach [aquele das manchas no papel]. As pessoas o veem como querem. Se não gostam de suas políticas, enxergam outra coisa que não gostam, como racismo".

    Essa foi sua primeira declaração pública sobre Trump. Começava assim: "Meu sogro não é um antissemita". Dias antes, o republicano retuitara uma imagem associando Hillary Clinton, corrupção e uma estrela que lembra a de Davi, símbolo judaico —para ele, disse, uma "estrela de xerife".

    A carta de Kushner reagia à outra, recado de uma colunista judia da casa ao chefe: "Você cursou Harvard. Por favor, não finja que não entende uma estrela de seis pontas justaposta a acusações de desonestidade financeira. Pergunto não como uma liberal, mas como ser humano: como permite isso?".

    Kushner rebateu: ele próprio, neto de sobreviventes do Holocausto, era judeu, assim como Ivanka (convertida) e os três filhos do casal.

    "Que tipo de matrimônio esperar quando dois milionários casam? Apenas o melhor", cravou a revista "Brides" sobre o enlace dos dois, em 2009 —ela com vestido inspirado em Grace Kelly e brincos de US$ 140 mil.

    Pelo papel de Kushner nos bastidores eleitorais (como a escolha de Mike Pence para vice-presidente), o "New York Times" o chamou de "diretor 'de facto'" da campanha republicana, e a "Vanity Fair", de "mini-me" (mini-eu) do sogro.

    Seu escritório fica a três quadras da Trump Tower, no número 666 da Quinta Avenida, comprado por sua família por US$ 1,8 bilhão. Ele e Ivanka moram na luxuosa Park Avenue, bolha de Manhattan onde menções a um muro não remetem à divisa que Trump promete erguer contra imigrantes mexicanos, "mas à parede de escalada na [academia] Equinox", já comparou a "New Yorker".

    Há dúvidas se a lei antinepotismo de 1967, vista como reação a John Kennedy indicar seu irmão Robert como procurador-geral, poderia barrar Kushner no gabinete presidencial —ele indicou que abriria mão do salário para evitar o conflito legal.

    Em abril de 2015, conversou com o "New York Times" sobre seus negócios imobiliários, que incluem 20 mil casas e 12 milhões de metros quadrados de área comercial.

    Foi questionado se Trump falava "a sério" sobre concorrer à Casa Branca. "Se sim, ele seria incrível."

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