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    eleições nos eua

    Líderes 'párias' exaltam Trump à espera de uma nova ordem mundial

    MARCELO NINIO
    DE WASHINGTON

    19/11/2016 02h00

    Enquanto países aliados dos EUA perdem o sono com a vitória de Donald Trump, líderes que tornaram-se desafetos do presidente Barack Obama e "párias" no cenário mundial festejam a possibilidade de uma nova ordem.

    Para alguns observadores, a aposta em uma guinada na política externa americana sob o comando de Trump já tem gerado consequências que vão além das palavras de exaltação. O presidente russo, Vladimir Putin, conversou com Trump na segunda (14).

    Um dia depois, lançou uma nova ofensiva na Síria, onde apoia a luta do ditador Bashar al-Assad contra forças contrárias a seu regime, incluindo rebeldes patrocinados pelos EUA.

    Em entrevista à rede portuguesa RTP, Al-Assad mostrou-se otimista com o resultado da eleição americana, afirmando que vê Trump como um "aliado natural" da Síria no combate ao terrorismo, ao lado da Rússia e do Irã.

    O governo Obama não admite solução para a crise síria com a permanência de Assad, enquanto Trump afirmou na campanha que o alvo prioritário para os EUA é o Exército Islâmico (EI).

    Na reta final da campanha, Trump anteviu uma vitória que desafiaria as pesquisas como fizera o "brexit", plebiscito que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia. Não por acaso, um dos líderes do "brexit", Nigel Farage, foi um ativo defensor de Trump, enxergando paralelos entre os sentimentos nacionalista e anti-elite nos dois lados do Atlântico.

    Para o colunista do "Washington Post" Fareed Zakaria, a esperança dos fãs externos de Trump é minar o "globalismo" estabelecido sob a liderança dos EUA após a Segunda Guerra Mundial, que sustentou o sistema internacional "mais produtivo e pacífico" da história humana.

    "O que une os admiradores estrangeiros de Trump é a ideia de que a ordem global existente está podre e deve ser demolida", observou Zakaria. "Todos os partidos europeus que festejam a vitória de Trump defendem a destruição da União Europeia e, mais amplamente, da comunidade ocidental baseada em valores e interesses comuns."

    A extrema direita europeia não escondeu que a reviravolta nos EUA lhe serve de inspiração para uma nova ordem. "O mundo deles está em colapso. O nosso está sendo construído", comemorou Florian Philippot, vice-presidente da Frente Nacional, partido visto como xenófobo.

    Vários líderes que se afastaram dos EUA também se animaram com a vitória de Trump, como o presidente filipino, Rodrigo Duterte, que chamou Obama de "filho da puta" ao reagir às críticas do americano às execuções extrajudiciais de traficantes.

    "Nós dois gostamos de falar palavrões", disse Duterte ao parabenizar Trump. "Somos iguais".

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