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    Com invasão venezuelana, Roraima teme retorno de doenças erradicadas

    MARCELO TOLEDO
    EDUARDO KNAPP
    ENVIADOS ESPECIAIS A PACARAIMA (RR)

    20/11/2016 02h04

    O avanço da imigração venezuelana é visto com preocupação por Roraima, que afirma agir de forma solitária, sem apoio do governo de Michel Temer (PMDB).

    "Não estamos vendo nenhuma sinalização do governo federal. O Estado está solitariamente tratando de toda essa demanda, esse fluxo dentro do Estado, na fronteira", disse a governadora Suely Campos (PP).

    De acordo com ela, além das questões econômicas, uma das preocupações é com doenças importadas do país vizinho. "Nós estamos recebendo também alguns venezuelanos com algumas doenças que nós já praticamente erradicamos em nosso Estado. Mandaram medicamentos para um mês, e isso já foi há muito tempo, então o governo federal precisa, imediatamente, tomar providências e ajudar nosso Estado."

    A cada ano cresce o total de venezuelanos que pedem refúgio ao Brasil. Enquanto de 2010 a 2012, somados, foram apenas cinco, o número saltou para 54 em 2013, 208 em 2014 e chegou a 825, no ano passado. Neste ano, já são 1.805 pedidos, de acordo com o Ministério da Justiça.

    O governo de Roraima crê que a maioria dos pedidos não serão aceitos, por não terem elo com fuga de guerra ou violação de direitos humanos no país de origem.

    Segundo o ministério, há uma articulação com Polícia Federal, Ministério das Relações Exteriores e Acnur (alto comissariado da ONU para refugiados) com o objetivo de facilitar a documentação e a regularização de imigrantes no território nacional.

    Há casos, como o do venezuelano Keryn Jose, em que o pedido de análise do refúgio será processado somente em fevereiro de 2018. "Quero ficar no Brasil, ter minha situação resolvida", disse.

    O ministério informou que isso ocorre devido à grande demanda de solicitações de refúgio na Superintendência de Roraima e que o governo federal estuda uma maneira de agilizar o atendimento no posto da PF em Boa Vista.

    Técnicos do ministério foram a Roraima nas últimas semanas para acompanhar o cenário e produzir um relatório, mas seu conteúdo ainda não está disponível ao público, de acordo com a pasta.

    Já o Ministério da Saúde informou, por meio de sua assessoria, que enviou uma equipe que fez diagnóstico dos atendimentos no Estado e que, com base no estudo, encaminhou dois kits com 122 quilos de medicamentos (antibióticos e anti-inflamatórios), além de insumos (máscaras e luvas descartáveis). Antes, em outubro, já tinha feito outro envio de remédios e insumos a Pacaraima.

    Ainda conforme o ministério, está previsto o envio de uma ambulância do Samu ao município e são mandados ao Estado medicamentos para tratar todos os pacientes com malária, independentemente do local de infecção.

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