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    Mesmo eleito presidente, Trump cria polêmicas e discute em redes sociais

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    22/11/2016 02h00

    O que manifestantes, uma peça da Broadway ("Hamilton"), um humorístico ("Saturday Night Live") e um jornal ("New York Times") têm em comum? A cólera do presidente eleito dos EUA, amplificada no Twitter, megafone digital essencial para transformá-lo em fenômeno político.

    Há oito dias, a CBS levou ao ar a primeira entrevista de Donald Trump após o pleito. Ele creditou parte de sua vitória à "tremenda" rede social. "É uma forma moderna de comunicação, não há nada do que se envergonhar."

    Mas disse que, uma vez no Salão Oval, pretende ser "muito mais contido" ao tuitar, "se sequer o fizer". Até aqui, não deu sinais de que freará seus comentários virulentos na rede social.

    No domingo (20), disse que o "Saturday Night Live" era "tendencioso" e "sem um pingo de graça". Na véspera, o ator Alec Baldwin voltou a satirizá-lo, numa esquete em que o retrata como um presidente perdido no cargo, que pesquisa no Google "o que é o Estado Islâmico?".

    Trump pediu direito de resposta no programa, e Baldwin retrucou no Twitter: "A eleição acabou. Não há mais 'tempo igual'. Agora, você tenta ser presidente, e o povo responde".

    No mesmo dia, o empresário atacou o elenco de "Hamilton", em que atores negros e hispânicos recriam a saga de um dos "pais fundadores" dos EUA, Alexander Hamilton. Seu vice, Mike Pence, foi ao teatro no sábado (19). Levou um "sermão" de um dos atores, que defendeu a "América diversa".

    Trump fustigou: "O elenco de Hamilton foi muito rude com um homem muito bom. Peçam desculpas!".

    Por reportagens que considera injustas, também atacou o "New York Times", publicação "fracassada" que perdeu "vários assinantes". (Não é verdade: a base de leitores cresceu ao longo da eleição.)

    HISTÓRICO

    Após vencer Hillary Clinton, o republicano demorou três dias para quebrar o jejum de ofensas on-line. Chamou a onda de protestos contra ele de "muito injusta" e "incitada pela mídia" -horas depois recuou, elogiando a "paixão" desses grupos.

    Em março de 2009, o empresário tuitou pela primeira vez, falando de si na terceira pessoa: "Não deixem de assistir a Donald Trump no programa do David Letterman!".

    Desde então, ele amealhou 15,7 milhões de seguidores e disparou mais de 34 mil tuítes, muitos bem longe da pasmaceira publicitária daqueles primeiros caracteres.

    Em outubro, o "New York Times" fez as contas de quantas pessoas, lugares e coisas Trump havia insultado na rede social desde que saiu candidato: 282, do México ("não é nosso amigo") à principal liga de beisebol do país ("tão ridícula").

    Quando tomar posse, Trump assumirá o perfil @Potus, sigla em inglês para "presidente dos EUA". Uma semana antesP da eleição, a Casa Branca anunciou como fará a primeira "transição digital", já que Barack Obama estreou a era de mandatários tuiteiros no país (suas mensagens serão preservadas em @Potus44).

    Não há legislação sobre como presidentes devem se portar no perfil oficial. Trump já sinalizou que prefere o canal direto com o público ao filtro da "mídia tendenciosa".

    Por lá, além de atacar desafetos, adianta notícias sobre a montagem de seu gabinete, processo que vem sendo comparado a um reality show político.

    "O general James 'Mad Dog' Mattis, cotado para secretário de Defesa, impressionou muito", escreveu. Também se encontrou com "inimigos", como o ex-presidenciável Mitt Romney (do movimento "Trump Jamais") e a deputada democrata Tulsi Gabbard. Enquanto a mídia especula quem entrará na equipe presidencial, Trump tuíta: "Sou o único que sabe quem são os finalistas!".

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