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    Jovem não sabe distinguir notícia falsa, mostra estudo nos EUA

    DANIEL AVELAR
    DE SÃO PAULO

    24/11/2016 02h00

    Fotolia
    Crianças usam celulares e tablets
    Crianças usam celulares e tablets

    Apesar de constituírem a geração mais familiarizada com as novas tecnologias de comunicação, crianças e jovens são, no geral, inábeis em diferenciar notícias produzidas por fontes confiáveis de anúncios e informações falsas na internet.

    Um estudo da Universidade Stanford definiu como "lamentável" a capacidade que jovens têm de processar informações encontradas nas redes sociais. Para elaborar o relatório, foram realizados testes com 7.804 estudantes de instituições de ensinos fundamental, médio e faculdades ao longo de 18 meses em 12 Estados americanos.

    "Muitas pessoas acreditam que os jovens, por estarem bem ambientados nas mídias sociais, têm perspicácia para compreender o que encontram ali", afirmou Sam Wineburg, pesquisador que liderou o estudo. "Nosso trabalho mostra que o oposto disso é verdadeiro."

    Em um dos testes conduzidos na pesquisa, os estudantes eram estimulados a identificar os elementos que apontam a confiabilidade de informações a partir de chamadas, no site de uma revista, para notícias, anúncios tradicionais e conteúdo patrocinado.

    A maioria dos jovens obteve sucesso em diferenciar as chamadas para notícias de anúncios tradicionais. O estudo indicou, porém, que 80% eram incapazes de apontar diferenças nas chamadas para notícias e para conteúdos patrocinados, apesar de o portal explicitar quando uma reportagem havia sido comprada por anunciantes.

    Em outro experimento, os estudantes deveriam analisar uma publicação que mostrava uma foto de flores supostamente modificadas geneticamente por exposição à radiação da usina nuclear de Fukushima, danificada por um tsunami em 2011.

    A publicação não tinha fonte conhecida, não apresentava indícios de que a foto havia sido tirada perto da usina japonesa e nem tinha evidências de que as deformações nas flores haviam sido de fato provocadas por radiação. Ainda assim, quase 40% dos jovens afirmaram que havia elementos suficientes para confirmar a veracidade das informações apresentadas.

    Segundo o relatório, a expectativa era de que estudantes do ensino fundamental distinguissem entre uma propaganda e uma notícia, e que os do ensino médio percebessem a fonte dos artigos.

    "Esperávamos que os universitários, que passam diariamente horas online, olhassem para uma URL '.org' e se questionassem quem está por trás de um site que apresenta apenas um lado de um tema polêmico", diz o texto.

    INABILIDADE

    Os autores do estudo concluíram, porém, que a inabilidade dos estudantes para analisar as informações disponíveis nas redes é alarmante.

    "Em todos os casos e em todos os níveis [de escolaridade], fomos surpreendidos pela falta de preparo dos estudantes", afirma o relatório.
    Para tentar sanar o problema, os pesquisadores criaram um programa de aulas para ensinar estudantes a avaliar a credibilidade de fontes de informação.

    O currículo está disponível na internet, foi baixado mais de 3,5 milhões de vezes e já vem sendo implementado em diversas escolas.

    A conclusão de que jovens são incapazes de avaliar a veracidade de informações nas redes ganha importância diante do debate acerca do potencial impacto de notícias falsas sobre a opinião pública.

    Uma pesquisa publicada na semana passada pelo portal Buzzfeed mostra que, durante os meses que antecederam a eleição presidencial nos EUA, os usuários de redes sociais se engajaram mais com notícias falsas sobre o pleito do que com reportagens reais.

    Diante da vitória de Trump na disputa pela Casa Branca, o Facebook foi acusado de ter favorecido o republicano por não ter filtrado notícias falsas sobre a principal rival dele, a democrata Hillary Clinton.

    Facebook e Google anunciaram que bloquearão a venda de anúncios para sites que divulgarem notícias falsas.

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