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    Na 5ª Avenida em Nova York, Trump Tower vira fortaleza em meio ao caos

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    25/11/2016 02h00

    Se um Trump candidato incomoda muita gente, um Trump presidente eleito incomoda muito mais —ao menos para vizinhos de Donald Trump e forças de seguranças destacadas para protegê-lo.

    Desde a eleição, o quarteirão que abriga a Trump Tower, onde o empresário mora e se reúne com sua equipe de transição, virou uma fortaleza.

    Não se trata de um quarteirão qualquer: a Quinta Avenida é um corredor de lojas luxuosas em Manhattan e atração turística à parte, assim como a torre que traz na fachada 13 vezes o sobrenome de seu dono.

    Há cercas nos dois lados da calçada, vigiadas por policiais. Para atravessar aquele trecho, é preciso dar satisfação de onde vai —fazer compras na Gucci ou na Tiffany's, que ficam dentro da Trump Tower, são respostas populares.

    "Claro que o movimento caiu. Trump fala tanto em criar empregos e vai acabar tirando o meu", disse um vendedor, em anonimato, à Folha —esclarecendo que só não votou em Trump "porque estava com uma baita ressaca no dia".

    Nos dias seguintes à vitória do republicano, milhares de manifestantes (Lady Gaga e Cher entre eles) marchavam dia sim, outro também até seu endereço.

    Raros eram favoráveis ao presidente eleito, como o performer Naked Cowboy (caubói pelado), que só usava uma sunga com "Trump" na traseira e cantava no violão: "Trump, Trump, Trump, ele vai construir um lindo muro".

    Na quarta (23), a única muralha era a de turistas tirando selfies, enquadrando ao fundo a torre de 58 andares, onde o aluguel do apartamento de um quarto custa US$ 5.250 (R$ 17,8 mil), na média do site StreetEasy.

    O ex-presidente da CBF José Maria Marin vive lá, em prisão domiciliar. Outros se sentem "quase presos", como o indiano Gautan Doshi, 25, que agora precisa passar por detector de metais para um ritual diário: tomar café no prédio.

    O funcionário de call center é fã do presidente eleito, que está construindo uma Trump Tower em seu país. "Conheço indianos que literalmente rezaram por ele."

    Por acordo entre a construtora e o município, a Trump Tower é obrigada a manter um espaço público.

    No térreo, o Trump Bar, que oferece o drinque "Você Está Demitido!" (bordão de Trump no reality "O Aprendiz"). No subsolo, o Trump Grill (hambúrguer "gold label" por US$ 19) e o Trump Café, que avisa no menu: "O sr. Trump prefere o bolo de carne, receita da sua mãe" (US$ 13,50).

    A segurança externa do prédio é feita pela polícia local. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, já disse que pretende repassar a conta (US$ 1 milhão por dia) ao governo federal e manifestou preocupação com os transtornos locais.

    "Obviamente o tráfego na região tem que fluir, e obviamente o presidente eleito e todo o seu time têm que ser protegidos."

    Voos do aeroporto La Guardia podem ter que ser desviados para não passar por cima da torre. Um túnel arterial da cidade foi fechado por 60 minutos, na hora do rush, para o comboio de Trump passar, na semana passada. A situação tende a se repetir.

    Dentro da Trump Tower, um agente do serviço secreto toma uma Coca-Cola. Ao menos 150 deles escoltam a família Trump, que não é pequena: 18 pessoas, entre filhos e seus cônjuges, mais os oito netos do empresário.

    O contingente deve crescer para quase mil quando Trump tomar posse.

    A futura primeira-dama, Melania, esperará o filho Barron, 10, terminar o ano letivo (em junho, nos EUA) antes de se mudar para a Casa Branca. Seu marido já disse que pretende visitá-los com frequência, o que deve prolongar o cerco à Trump Tower.

    Não deve ajudar na popularidade de Trump em Manhattan, onde ele teve sua pior performance entre as dez zonas eleitorais de Nova York: 58 mil votos, 11,5% dos 515 mil que Hillary Clinton ganhou.

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