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    Pós-Trump, escolas americanas reafirmam boas-vindas a estrangeiros

    RAFAEL BALAGO
    DE SÃO PAULO

    27/11/2016 02h00

    Após a eleição de Donald Trump nos EUA, escolas norte-americanas enviaram comunicados às agências de intercâmbio brasileiras ressaltando que os estudantes estrangeiros continuam sendo bem-vindos no país.

    Durante a campanha, Trump prometeu tomar medidas duras contra a imigração, como aumentar as exigências para emitir vistos.

    "Recebemos comunicados de parceiros americanos dizendo que as regras seguem as mesmas e que, caso o novo presidente tente mudá-las, o setor educacional americano tem força no Congresso para barrá-las", diz Maura Leão, presidente da Belta, entidade que reúne agências brasileiras de intercâmbio.

    "Absolutamente nenhuma mudança foi feita no programa de vistos J-1. Qualquer atual ou futuro visitante dessa categoria deve saber que eles continuam a ser bem-vindos nos EUA", diz um dos comunicados, enviados pelo CIEE, (Conselho de Intercâmbio Educacional Internacional, na sigla em inglês), entidade que representa 340 universidades e mil escolas de ensino médio nos EUA.

    O visto J-1 permite estudar nos EUA e trabalhar em algumas funções de meio-período, como cuidar de crianças. Após o fim do curso, o viajante precisa voltar ao seu país de origem em até 30 dias.

    "O CIEE tem grande confiança no processo democrático responsável por criar e aprovar quaisquer mudanças que possam vir com uma nova administração. Mudanças nas políticas [de visto] requerem vigorosos debates e análises, e tipicamente envolvem o Executivo e o Legislativo, em um demorado processo", prossegue o aviso.

    "O intercâmbio internacional tem uma longa história de apoio de democratas e de republicanos no Congresso. O CIEE tem excelentes relações de trabalho com funcionários de carreira e equipes políticas do Executivo e do Legislativo. Teremos um assento na mesa se qualquer mudança nos programas de visto for considerada".

    OUTROS FATORES

    Até agora, a vitória de Trump trouxe pouco impacto aos planos de brasileiros que planejam ou irão estudar nos EUA. Outros fatores, como a alta do dólar, são mais levados em conta.

    "Vemos que algumas pessoas ficaram indecisas após a eleição. Quem tinha os EUA como destino agora está considerando outros países. Mas ainda não se sabe o que esperar de Trump", avalia Derci Jardim, diretora da Cultura Global Intercâmbio.

    A advogada Adriana Calado, 26, é uma das estudantes em dúvida. "Trump é hostil a imigrantes e mostrou que há pessoas lá que também são. Não quero ir aonde não serei bem-vinda", diz ela, que quer estudar inglês no exterior em 2017 e agora considera ir para Canadá ou Austrália.

    Outras agências de intercâmbio ouvidas pela Folha disseram ter notado pouco efeito na demanda após Trump vencer. De acordo com elas, a facilidade de obter visto, a cotação da moeda do país e a segurança que ele oferece impactam mais na escolha de onde estudar do que o governo da vez.

    "Obama é um presidente popular, mas tínhamos mais brasileiros lá no período Bush", compara Celso Garcia, diretor de intercâmbios da CI. "Só tragédias, como o 11 de Setembro e a crise de 2008, foram capazes de derrubar a procura pelos EUA."

    Depois dos ataques terroristas de 2001, o Canadá tomou dos EUA o posto de destino mais buscado pelos intercambistas brasileiros, no qual permanece até hoje.

    Além de ter ampliado sua rede de escolas para estrangeiros nos últimos anos, o país tem moeda com cotação mais atraente. Um dólar canadense vale R$ 2,52, contra R$ 3,41 do americano.

    Outro fator que reduz a procura por aulas nos EUA é o "brexit". A saída do Reino Unido da União Europeia gerou queda no preço da libra.

    "Depois do 'brexit', o Reino Unido passou a ser nosso destino mais vendido", conta Santuza Bicalho, diretora de intercâmbio da CVC.

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