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    Conservador vence primárias da direita na França

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    27/11/2016 17h39 - Atualizado às 23h31

    Eric FEFERBERG/AFP
    French member of Parliament and candidate for the right-wing primaries ahead of the 2017 presidential elections, Francois Fillon, walks out out the voting booth in a polling station in Paris, on November 27, 2016, during the second round of the primary. France's conservatives hold final run-off round of a primary battle on November 27 to determine who will be the right- wing nominee for next year's presidential election. / AFP PHOTO / POOL / Eric FEFERBERG
    François Fillon deixa local de votação nas primárias de seu partido, neste domingo (27)

    François Fillon venceu neste domingo (27) as primárias do partido francês Os Republicanos, de centro-direita.

    Ele teve 66,5% dos votos, contra os 33,5% de seu rival, Alain Juppé —com 96% das seções apuradas.

    Fillon deve disputar a Presidência francesa em abril contra Marine Le Pen, da sigla de extrema-direita Frente Nacional. Segundo as estimativas atuais, ele deve vencer no segundo turno.

    Ainda não se sabe quem será o candidato socialista para as eleições de 2017. O partido realiza suas próprias primárias em janeiro. François Hollande, atual presidente, vive um período de grave impopularidade e, caso concorra ao posto, tem poucas chances de vencer.

    O embate entre a direita e a centro-direita tornou-se especialmente urgente após a vitória de Donald Trump nos EUA, neste mês -a surpresa eleitoral pode repetir-se com Le Pen, entregando-lhe assim a liderança de um dos principais Estados europeus.

    Isolacionista, a campanha de Le Pen tem aversão a migrantes e à União Europeia. Sua possível eleição, somada à decisão britânica de deixar o bloco europeu (o chamado 'brexit'), empurraria o continente ainda mais à direita.

    IDENTIDADE

    Fillon concorria neste domingo (27) com Alain Juppé. O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy não chegou ao segundo turno das primárias.

    Tanto Fillon quanto Juppé tiveram campanhas marcadas por uma visão conservadora da economia. Ambos propuseram cortes nos gastos e nos servidores públicos, além da reforma das leis trabalhistas e da aposentadoria.

    Fillon, no entanto, tinha uma campanha mais conservadora na área social. Ele é contrário ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo. Seu discurso é bastante agressivo em relação a migrantes e muçulmanos.

    Juppé, por outro lado, vinha defendendo o que chamou de 'identidade feliz': a acomodação da França em uma sociedade multicultural.

    Nessa área, teve peso o clima de insegurança vivido pelo país. Um atentado terrorista reivindicado pelo Estado Islâmico, entre outros, deixou 130 mortos em novembro do ano passado.

    A candidatura de Fillon pode apelar, dessa maneira, ao mesmo eleitorado da Frente Nacional, ao defender o que considera como 'valores tradicionais franceses'. Ele tem especial apoio entre setores católicos e rurais.

    MANSÃO

    Fillon, 62, foi premiê da França entre 2007 e 2012, sob o comando do então presidente Sarkozy.

    Sarkozy eclipsou o aliado durante aquele período, chamando-lhe uma vez de 'empregado' e passando por cima dele no contato direto com o gabinete.

    Mas, descrito como um homem discreto, Fillon foi um dos únicos premiês franceses a durar todo o mandato. Ele teve também a vantagem -em relação a Sarkozy e Juppé- de não ter se envolvido em grandes escândalos de corrupção no passado.

    Advogado por formação, Fillon nasceu em Le Mans, no oeste francês. Ele criou seus cinco filhos em uma mansão do século 12 chamada Manoir de Beaucé. Antes de ser premiê, ele ocupou os Ministérios de Assuntos Sociais e Educação Nacional.

    Seguidor da ex-premiê britânica Margaret Thatcher, ele defende cortar 500 mil cargos públicos, elevar a idade de aposentadoria e reduzir impostos pagos por firmas.

    Em 2013, ele votou contra o casamento homossexual. Ele publicou recentemente um ensaio sobre o radicalismo no islã, dizendo que a 'invasão' do islamismo no cotidiano francês poderia levar a uma guerra mundial.

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