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    Deputada ítalo-brasileira defende reforma constitucional na Itália

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    01/12/2016 08h25

    Encerra-se nesta quinta-feira (1º) o prazo para que brasileiros com cidadania italiana votem a distância no referendo constitucional de domingo (4). As cédulas, recebidas por correio, devem chegar ao consulado até as 16h.

    A ítalo-brasileira Renata Bueno, deputada na Itália, estima que 30% dos 400 mil eleitores no Brasil votaram.

    "Eles não participam do dia a dia da vida política", diz em entrevista à Folha. Mas, nesses momentos, querem exercer a cidadania. É quando se sentem italianos."

    Bueno foi eleita em 2013 para a Câmara dos Deputados da Itália como uma das representantes dos italianos no exterior, na circunscrição da América do Sul. Ela defende a reforma proposta pelo premiê Matteo Renzi.
    "É o coração das reformas de que a Itália está precisando. Já fizemos diversas reformas no Parlamento, mas esse é o esqueleto de tudo."

    A participação, segundo Bueno, é "fundamental". Entre outras coisas, porque demonstra o interesse pelo país por parte de quem tem a cidadania italiana. "Tentei divulgar ao máximo quais são os pontos da reforma e qual é a intenção do governo."

    REFORMAS

    O premiê Renzi propõe, com o referendo, 47 alterações na Constituição italiana.

    A mais importante delas reduz o número de senadores de 315 para 110 e transforma o Senado em um órgão de consulta. O Senado não poderá mais, por exemplo, dissolver um governo ou aprovar o orçamento anual.
    Essa reforma também prevê a centralização do poder em Roma e o esvaziamento das entidades regionais.

    Uma das justificativas dadas pelo premiê Renzi é a necessidade de enxugar o governo para que se torne mais eficiente. Assim, poderá lidar melhor com os desafios enfrentados pelo país.

    Os críticos à reforma, porém, afirmam que as mudanças não resolvem as questões urgentes, como o baixo crescimento econômico. O PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer 0,8% neste ano.

    O texto do referendo é considerado pelos eleitores, ademais, como muito abstrato. Uma pesquisa divulgada pela TV italiana Rai apontou que apenas 17% da população "conhece bem" a reforma e que 46% deles tem uma ideia "superficial".

    Outro desafio do governo é que o referendo está sendo apresentado, na Itália, como um voto de aprovação ou reprovação do premiê Renzi.

    Ele ameaçou renunciar ao cargo, caso seja derrotado, o que pode ter estimulado essa ideia. Espera-se um grande número de votos de protesto.

    "Houve mais polêmica do que discursos explicativos", segundo Bueno. "A oposição não argumentou de maneira técnica, o que acabou desgastando muito o debate."

    "As pessoas se cansam de ficar nesse bate-boca, em vez de ter uma discussão que instruísse o voto", afirma.

    O mandato de Bueno deve encerrar-se em fevereiro de 2018. Mas, caso o "não" vença e o governo tenha que ser dissolvido, ela deixará o seu cargo antes do previsto.

    "O referendo vai mudar muita coisa. Vença o 'sim' ou o 'não', será um novo momento para a Itália", afirma.

    Divulgação
    A italo-brasileira Renata Bueno, deputada na Itália
    A italo-brasileira Renata Bueno, deputada na Itália

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