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    Premiê italiano oficializa renúncia e começam negociações para sucessão

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    07/12/2016 17h50

    Alessandro Bianchi/Reuters
    Primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, fala com a imprensa na residência oficial na segunda (5)
    Primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, fala com a imprensa na residência oficial na segunda (5)

    Matteo Renzi, premiê da Itália, renunciou ao cargo na noite desta quarta-feira (7).

    Renzi, do Partido Democrático (centro-esquerda), já havia anunciado a demissão no domingo (4), após ser derrotado em um referendo para reformar a Constituição.

    Ele foi, no entanto, convencido pelo presidente italiano Sergio Mattarella a adiar o plano até a aprovação do orçamento de 2017.

    O orçamento foi aprovado durante o dia pelo Parlamento, possibilitando sua saída.

    "Orçamento aprovado. Renúncia formal às 19h. Obrigado a todos e vida longa à Itália", escreveu Renzi no Twitter, antes de seu encontro com o presidente.

    renzi

    Mattarella deve iniciar na quinta-feira (8) à tarde uma rodada de negociações com os principais partidos e nomear um novo premiê.

    Há pressão política para que o presidente Mattarella convoque eleições antecipadas. O pleito está originalmente previsto para 2018.

    Alguns partidos querem que as eleições sejam convocadas o mais rápido possível. A pressa se deve aos planos de reformar a lei eleitoral.

    As regras atuais garantem a maioria parlamentar automática ao vencedor, mas o sistema deve voltar a ser proporcional antes de 2018.

    Renzi e aliados preferem, porém, que a lei seja reformada e apenas então as eleições sejam antecipadas.

    Há nomes circulando como possíveis novos premiês, incluindo os ministros Pier Carlo Padoan (Finanças), Paolo Gentiloni (Relações Exteriores) e Dario Franceschini
    (Cultura).

    POPULISTAS

    Enquanto os próximos passos são determinados, a União Europeia acompanha a Itália com ansiedade.

    A crise política italiana pode abrir espaço para movimentos populistas como o antissistema Cinco Estrelas e o xenófobo Liga Norte.

    O Cinco Estrelas, em especial, questiona a integração europeia. Caso conquiste o poder, o partido poderia convocar um referendo sobre a permanência da Itália no bloco econômico –repetindo o "brexit", a decisão britânica de sair da União Europeia.

    Esse cenário ainda é, no entanto, distante. Ademais, o referendo votado no domingo não estava relacionado à União Europeia e não pode, assim, servir de medida da aprovação popular ao bloco.

    Matteo Salvini, líder da Liga Norte, ameaçou durante o dia ir às ruas em meados de dezembro caso as eleições não sejam antecipadas.

    CONSTITUIÇÃO

    Renzi havia convocado um referendo para reformar a Constituição italiana. Durante a campanha ele ameaçou renunciar ao cargo caso a mudança não fosse aprovada pela população no domingo (4) –o que ocorreu.

    A reforma previa, entre outras medidas, o esvaziamento do Senado. O número de senadores passaria de 315 a 100, sem eleição direta, e a Casa não poderia mais aprovar leis salvo exceções.

    O referendo foi reprovado por 59,1% da população. A rejeição ao governo de Renzi vem, em parte, de sua incapacidade de resolver os entraves da economia. O PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer 0,8% neste ano.

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