Após concessões do governo e da oposição, o Parlamento britânico aprovou, nesta quarta (7), a moção do Partido Trabalhista exigindo que a primeira-ministra Theresa May apresente seu plano para a saída da União Europeia, mas também apoiou o cronograma de May para o "brexit".

A proposta da premiê de acionar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa (que dá início formal à saída) até o fim de março de 2017 foi colocada como uma emenda no texto aprovado por 448 votos contra 75, após seis horas de debates.

	Stefan Rousseau/Reuters
	A primeira-ministra britânica Theresa May fala durante conferência no Bahrein nesta quarta (7)

Com isso, os parlamentares se comprometem a não frear o processo –em troca, May, que estava sob pressão de legisladores, empresários e investidores, aceitou a moção dos trabalhistas.

O texto determina que os ministros revelem o que planejam para suas pastas antes que o país inicie o processo de deixar o bloco europeu.

A líder dos conservadores vinha defendendo que revelar muito sobre seus planos para as futuras relações com a UE poderia enfraquecer os britânicos em sua mais importante negociação com os vizinhos em décadas.

A saída britânica da UE, conhecida como "brexit", foi aprovada em referendo em 23 de junho.

David Davis, o ministro de May a cargo do brexit, afirmou que a emenda sobre o cronograma representa "um importante desafio para aqueles que disseram que respeitariam o resultado do referendo, mas cujos atos sugerem qualquer oportunidade de boicotá-lo".

Para parlamentares opositores, contudo, a emenda foi uma "armadilha". "Não vou votar a ativação do Artigo 50 em março quando ainda não teremos nem ideia de que tipo de brexit o governo pretende", disse o deputado trabalhista Ben Bradshaw.

PRIORIDADE

O grande debate no Reino Unido é se é preciso conservar o acesso ao mercado único europeu ou dar prioridade ao controle na chegada de cidadãos europeus.

Os conservadores têm maioria absoluta no Parlamento, e a potencial revolta dos seus deputados pró-europeus parece sufocada agora com o fato de May aceitar informar o Parlamento sobre seus planos para o brexit.

"Essa é uma notícia muito boa, porque significa que o governo está prestando atenção a todas as vozes. E é uma grande oportunidade para o governo assegurar que o Parlamento inspecione seu plano, porque ele representa todos os eleitores e todos devem ter uma voz no debate sobre o melhor negócio para o Reino Unido", disse a deputada conservadora pró-UE Anna Soubry.