A ítalo-brasileira Renata Bueno, eleita em 2013 para a Câmara dos Deputados da Itália, reuniu-se com o presidente Sergio Mattarella durante esta sexta-feira (9).
O presidente tem se encontrado com os principais partidos para negociar a nomeação do próximo premiê. Matteo Renzi renunciou ao cargo na última quarta-feira (7) após a derrota de seu referendo constitucional.
As consultas de Mattarella devem ser encerradas no sábado (10) e estima-se que a decisão seja anunciada no início da semana que vem.
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A ítalo-brasileira Renata Bueno, eleita em 2013 para a Câmara dos Deputados da Itália |
Cada formação política teve, segundo a imprensa italiana, um tempo médio de 20 minutos com o presidente.
O presidente Mattarella terá que decidir se vai nomear um premiê para continuar no cargo até as eleições de 2018 ou antecipar o pleito.
Há pressão política e popular para que o voto ocorra ainda em 2017. Essa saída é defendida pela sigla do ex-premiê Renzi, o Partido Democrático (centro-esquerda).
Mas há divergências a respeito do quão cedo as eleições poderiam ser realizadas.
Renzi e outros grandes partidos querem esperar a reforma da lei eleitoral, o que pode acontecer no fim de janeiro. O movimento populista Cinco Estrelas e o xenófobo Liga Norte querem, por sua vez, votar antes disso.
A lei eleitoral hoje garante maioria parlamentar automática ao vencedor. Esse cenário interessa partidos como o Cinco Estrelas, que veem ali sua oportunidade de controlar o Parlamento.
Caso a Itália tenha eleições em 2017, se somará a outros grandes países europeus votando nesse ano, como a França e a Alemanha.
ANTECIPAÇÃO
Bueno foi recebida pelo presidente Mattarella em torno das 12h locais no palácio (às 9h em Brasília). Ali, ela transmitiu a opinião de sua formação política. Ela falou em seguida com a Folha.
Bueno foi eleita em 2013 pelo movimento cívico USEI (Unione Sudamericana Emigrati Italiani), que obteve um assento na Câmara.
Ela é a primeira brasileira eleita para o cargo e foi, assim, também a primeira a participar de uma reunião desse gênero, segundo informações de sua assessoria.
A proposta de Bueno é a criação de um governo de ampla participação enquanto o país reforma a lei eleitoral. O pleito seria antecipado, "com calma". "Temos um Parlamento legítimo e forte."
A deputada diz que esse momento de incerteza deve servir ao país para modernizar suas estruturas políticas, "decantar essa situação". Seu grupo apoiava o referendo convocado por Renzi.
REFERENDO
Esta crise política foi iniciada no domingo (4), quando a população rejeitou um referendo constitucional convocado pelo premiê Renzi.
Ele propunha reduzir o número de senadores de 315 a 100, entre outras medidas.
Ele havia ameaçado renunciar caso fosse derrotado, o que de fato aconteceu. Quase 60% votaram "não".
Se apenas os italianos no Brasil e brasileiros com cidadania italiana tivessem participado do voto, no entanto, o cenário teria sido distinto. Cerca de 84% deles votaram "sim" no referendo de Renzi.