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    Após troca de acusações, Trump coloca de lado rixa com Obama

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    10/12/2016 02h00 - Atualizado às 14h55
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    Alberto Pizzoli/AFP
    Estátuas de cera de Obama e Trump em museu em Roma
    Estátuas de cera de Obama e Trump em museu em Roma

    Não é o caso de esperar uma foto de Donald Trump e Barack Obama jogando golfe num dos clubes do presidente eleito. Mas a relação azeda entre o atual mandatário e seu sucessor já foi mais azeda.

    "Pude conhecer o presidente. Realmente gosto dele", disse Trump à NBC na quarta (7), após ser anunciado como a personalidade do ano pela revista "Time" (Obama é bicampeão, em 2008 e 2012). "Temos –acho que posso dizer por mim, não sei se por ele– uma ótima química. Conversamos."

    Antes não tinha conversa. Por meses Obama definiu Trump como "inadequado" para o cargo ("não há uma situação em que ele não cometa uma gafe") e, a dois dias da eleição, questionou seu autocontrole: "Se alguém não consegue se segurar no Twitter, não pode lidar com códigos nucleares".

    A rixa não era mera casualidade eleitoral. Em 2011, o então apresentador do reality "O Aprendiz" alimentou o boato de que Obama não nascera nos EUA e não podia liderar o país. Naquele ano, num jantar na Casa Branca, ele revidou: após ver sua certidão de nascimento, Trump (que estava na plateia) poderia "enfim focar em temas que importam, como: 'Nós falsificamos a viagem à Lua?'".

    A dupla nunca havia se conhecido. O encontro aconteceu dois dias após a vitória de Trump, na residência presidencial, e "pode ter sido um pouco menos estranho do que alguns esperavam", afirmou o porta-voz da atual administração, Josh Earnest.

    Obama se disse "muito encorajado" por aquela primeira impressão e, desde então, tem evitado bater de frente com o próximo inquilino da Casa Branca –uma das poucas colisões aconteceu na quarta, ao criticar as "falsas promessas" de Trump para a luta contra o terrorismo.

    No mesmo dia, o republicano jogou confete: "Nós obviamente discordamos um bocado, mas, sabe, realmente gosto dele como presidente".

    Sem citar quem, o presidente eleito afirmou que ao menos uma de suas escolhas para o gabinete tem aprovação do antecessor. Earnest confirma que os dois se falaram por telefone algumas vezes nas últimas semanas.

    Para Obama, interessa não enervar o homem que prometeu, na campanha, desmontar uma a uma suas principais bandeiras, como o Obamacare (reforma da saúde). Assim, poderia convencer Trump a não dilapidar seu legado inteiro, aproveitando-se da inexperiência do político.

    Obama, que tem aspirações de ser uma voz ambientalista pós-Casa Branca, poderia, por exemplo, argumentar que o Acordo de Paris é bom para os negócios –quase 400 corporações, do Starbucks à Nike, assinaram carta aberta argumentando que o tratado "impulsionará a competitividade" no país.

    Trump defendia remover os EUA do pacto global sobre o clima, por achar que prejudicaria a economia do país.

    "Vejo uma conexão natural [dos dois]", afirma Ross Baker, professor da Universidade Rutgers. "Trump está mais disposto a aprender do que aparenta, e só uma pessoa pode ensiná-lo: Obama."

    Só há quatro ex-presidentes americanos vivos: os republicanos George Bush pai, 92, e filho, 70, e os democratas Jimmy Carter, 92, e Bill Clinton, 70. Obama tem 55.

    David Remnick entrevistou o presidente para a "New Yorker". Quis saber como a primeira reunião com Trump "realmente aconteceu". O presidente teria "sorrido" e dito que um dia lhe contaria, "após uma cerveja e em off", usando o jargão jornalístico para informações que não devem ser publicadas.

    A revista também ofereceu manchete satírica para aquele encontro: "Obama gentilmente pede a Trump para esperar até a posse antes de destruir o mundo".

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