Um dos executivos mais bem pagos dos EUA, presidente de uma das "sete irmãs" da indústria petroleira e com um lugar reservado para Vladimir Putin no coração.
Rex Tillerson, 64, CEO da ExxonMobil é, segundo a mídia americana, o favorito do presidente eleito Donald Trump para assumir o Departamento de Estado (equivalente ao Ministério do Exterior), um dos cargos mais poderosos do governo americano, inaugurado em 1793, com Thomas Jefferson, e já ocupado por nomes como Hillary Clinton e Colin Powell.
Daniel Kramer - 21.abr.2015/Reuters | ||
Rex Tillerson, CEO da ExxonMobil, cotado para o Departamento de Estado |
Se escolhido, Tillerson se adaptará bem ao time até aqui montado por Trump, com vários multimilionários vindos do setor privado.
Há 41 anos na empresa, que preside desde 2006, o texano seria o primeiro chanceler da história moderna americana sem experiência prévia no setor público (outro título seu: presidente dos Escoteiros da América, de 2010 a 2012, quando apoiou a inclusão de jovens gays no grupo).
Com salário anual de 24,3 milhões, ele foi o 29º CEO mais bem pago dos EUA em 2016, segundo a consultoria Equilar. No ano passado, figurou em outro ranking: a "Forbes" o elegeu como 25ª pessoa mais poderosa de 2015.
Sob seu comando, a ExxonMobil foi à porção russa do oceano Ártico atrás de petróleo, em parceria com a Rosneft.
A companhia controlada pelo Kremlin virou alvo de sanções americanas em 2014, numa represália ao papel de Moscou na crise da Ucrânia. Na época, Tillerson se opôs às restrições, que custaram à Exxon US$ 1 bilhão, segundo o site Oil Price.
Selada em 2011, a dobradinha com a Rosneft empolgou o presidente russo, que projetava ganhos de US$ 500 bilhões. Cinco anos depois, Moscou revive o clima de Guerra Fria com Washington –a CIA concluiu que autoridades do país estão por trás do vazamento de e-mails comprometedores do Partido Democrata para o WikiLeaks, com a intenção de intervir na eleição americana a favor de Trump.
Mas Tillerson, assim como o presidente eleito, tem coisas boas a dizer do presidente Putin, de quem recebeu uma condecoração ("Ordem da Amizade") em 2013.
Para ambientalistas, a predileção de Trump pelo presidente da petroleira mais valiosa do mundo preocupa, sobretudo após a indicação de um cético da mudança climática para a agência ambiental, Scott Pruitt.
Tillerson já se disse favorável a um imposto para emissões de carbono. Em compensação, em maio, afirmou a investidores que, "gostem ou não", mundo não se livraria tão cedo de combustíveis fósseis.
Num ponto ele e Trump discordam: acordos comerciais com outros países. Se o presidente eleito os vê como ralo para empregos americanos, o executivo quer mais deles. "A história nos mostra que inovação e progresso econômico dependem do fluxo livre de bens, serviços, capital e expertise", afirmou em discurso de 2009.
AZARÃO
Se confirmado como chanceler, Tillerson vai se sobrepor a candidatos de alta voltagem política.
Um deles, o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, foi um dos aliados mais fiéis a Trump na campanha. Retirou-se da disputa quando ficou claro que não seria recompensado com o pote de ouro do próximo gabinete.
O ex-presidenciável Mitt Romney era o oposto: por meses liderou o movimento #NuncaTrump, por achar inaceitável que seu partido, o Republicano, tivesse uma "fraude" como candidato à Casa Branca.
Trump ganhou, e Romney amaciou. Jantaram juntos na semana retrasada, em restaurante com três estrelas no guia Michelin, dentro de um dos hotéis de luxo do presidente eleito. A mídia foi incentivada a fotografar o banquete.
O movimento intrigou: havia dúvidas se Trump acenava à unificação da legenda, acolhendo vozes críticas, ou cozinhava o ex-nêmesis em banho-maria, para enfim se vingar lhe negando o posto e selando sua humilhação pública.
Assessores do presidente eleito dizem que o secretário de Estado talvez seja anunciado nesta semana, num processo que vem sendo comparado ao reality que comandou, agora numa edição especial: "O Aprendiz - Casa Branca".
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