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    Republicanos se voltam contra Trump por tomar partido da Rússia

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    DE NOVA YORK

    13/12/2016 02h00

    A 39 dias de assumir a Casa Branca, Donald Trump atravessa uma tempestade diplomática, dentro e fora de casa. Enquanto a China reage a seu aceno a Taiwan ("ele é como uma criança, com sua ignorância de política externa", diz o editorial de um jornal estatal), republicanos se voltam contra o presidente eleito, que preferiu ridicularizar a CIA e tomar partido da Rússia na grande polêmica da vez.

    Uma frente bipartidária defende que o Congresso investigue a suposta intervenção de Vladimir Putin na eleição americana, sob a acusação de ciberataques calculados para prejudicar a democrata Hillary Clinton (Moscou nega).

    Mark Wilson/Getty Images/AFP
    Líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell afirmou que defende investigação sobre suposto ciberataque russo
    Líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell defende investigação sobre suposto ciberataque

    Dois senadores republicanos (John McCain e Lindsey Graham) e dois democratas (Jack Reed e Chuck Schumer) propuseram a aliança no domingo (11), após o "Washington Post" revelar que, para a CIA (agência de inteligência dos EUA), o Kremlin agiu para favorecer Trump.

    "Os russos não são nossos amigos", disse nesta segunda (12) Mitch McConnell, líder da maioria no Senado –assim como a Câmara, dominado por republicanos.

    O presidente eleito é mais benevolente com os ex-inimigos da Guerra Fria. Na segunda, voltou a minar uma tese que, a seu ver, interessaria a democratas perdedores. "Podem imaginar se o resultado eleitoral fosse o oposto e nós tentássemos jogar a carta Rússia/CIA? Isso se chamaria teoria da conspiração!"

    Continuou: "A não ser que você flagre hackers no ato, é muito difícil determinar quem estava hackeando". Na campanha, quando o WikiLeaks vazou e-mails comprometedores de democratas, ele criticou Hillary por envolver Moscou no ciberataque. "Ela continua dizendo 'Rússia, Rússia, Rússia', e talvez tenha sido. Ou foi a China, ou um monte de gente."

    O FBI (polícia federal americana) estaria em descompasso com a CIA: até crê que Moscou tem um dedo no vazamento, mas sem cravar que agiu em prol de Trump, segundo a CNN.

    "A CIA diz uma coisa, e o FBI, outra. Precisamos averiguar isso de uma forma não-partidária, sem apontar dedos", disse Chuck Schumer, o líder da minoria no Senado, democrata com quem Trump tem bom canal.

    Já a lua de mel entre Trump e o presidente da Câmara, Paul Ryan, que na eleição viveram uma relação de mais tapas que beijos, sofreu um abalo. "A Rússia tem sido uma agressora que constantemente sabota os interesses americanos", afirmou Ryan.

    Correligionários de Trump questionam a credibilidade da CIA. Lembram que, amparados por relatórios da agência, os EUA acreditaram que Saddam Hussein possuísse armas de destruição de massa –o que levou à guerra.

    Trump também enfrenta oposição de republicanos no Congresso (de McCain a Marco Rubio) por causa de Rex Tillerson, CEO da ExxonMobil que estaria no topo da lista para secretário de Estado. A aproximação entre Tillerson e Putin, por negócios da petroleira na Rússia, preocupa. "Trump continua a nos maravilhar", disse o deputado russo Alexey Pushkov, para quem um chanceler Tillerson seria "uma sensação".

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