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    Mulheres e motociclistas já preparam manifestações na posse de Trump

    KATIE ROGERS
    DO "NEW YORK TIMES"

    14/12/2016 07h00

    A contenciosa eleição de Donald Trump inspirou um número recorde de grupos, desde clubes de motociclistas até ativistas em favor dos direitos de minorias, a fazer planos para chegar a Washington mais ou menos na época de sua posse, em 20 de janeiro, para manifestar oposição ou apoio à nova administração.

    A Marcha de Mulheres a Washington e a organização Bikers for Trump (Motoqueiros por Trump) estão entre os grupos que organizam manifestações fora das áreas extensas, desde o Memorial Lincoln até o parque Ellipse, perto da Casa Branca, às quais o acesso foi bloqueado há mais de um ano pelo Serviço Nacional de Parques e que, essencialmente, estão sendo mantidas à disposição do comitê organizador da posse de Trump.

    "Em um ciclo eleitoral normal haveria quatro ou cinco grupos pedindo autorização para realizar manifestações", disse Michael Litterst, do Serviço Nacional de Parques. Este ano, são 20.

    O grupo Bikers for Trump, que ficou notório por promover um encontro na Convenção Nacional Republicana e prometer segurança extra para Trump, prevê que 5.000 pessoas se reúnam para festejar a posse.

    Em um vídeo postado no Facebook no sábado (10), o fundador do grupo, Chris Cox, disse que o Bikers for Trump recebeu "a única autorização pró-Trump emitida" para a posse e que os participantes poderão estacionar suas motocicletas no John Marshall Park, no centro de Washington.

    Cox, que não respondeu imediatamente a um pedido de declarações na segunda-feira (12), disse no vídeo que pediu que 500 motoqueiros acompanhem a parada inaugural de Trump e que ficará sabendo esta semana se o pedido foi aprovado.

    O parque John Marshall fica fora das áreas reservadas para as festividades da posse e não foi reservado pelo comitê responsável pelos eventos, disse Litterst.

    A Marcha de Mulheres a Washington, prevista para atrair 200 mil participantes, pode superar de longe as dimensões do evento da Bikers for Trump e é a maior manifestação que está sendo programada. Os organizadores a descrevem como uma alternativa às festividades da posse. Eles buscam unir pessoas que discordam dos comentários depreciativos de Trump sobre minorias e seus comentários frívolos e obscenos sobre agressão sexual.

    Na segunda-feira, Cassady Fendlay, porta-voz da marcha, disse que 29 grupos de defesa de mulheres se aliaram à marcha para divulgar o evento e levantar fundos. Os grupos incluem Girls Who Code (Garotas que escrevem código), Define American (Defina o que é americano), Anistia Internacional, a fundação Trayvon Martin e o Conselho Nacional de Mulheres Judias. Embora os organizadores da marcha pareçam estar assumindo uma posição sobre direitos de imigração, direitos de minorias e direitos religiosos, ainda não foi identificado como participante no evento nenhum grupo explicitamente ligado aos direitos reprodutivos.

    Mara Verheyden-Hilliard, diretora executiva da organização sem fins lucrativos Fundo de Parceria para a Justiça Civil, que litiga em favor de manifestantes, disse que grupos que solicitam autorização para promover eventos ligados à Primeira Emenda devem ser autorizados a se manifestar mais perto das áreas da cerimônia de posse, para se expressarem. Ela disse que o Serviço de Parques extrapolou os limites de sua autoridade ao reservar grandes áreas de Washington com mais de um ano de antecedência.

    Segundo Verheyden-Hilliard, a indignação entre oponentes de Trump devido ao resultado da eleição levou a "uma onda enorme e crescente de organizações de base" que agora querem ir a Washington e expressar suas posições. "Agora estão dizendo a elas que não há espaço para fazer isso perto da Casa Branca."

    Mais de um ano atrás, e sob normas definidas em 2008, disse Litterst, o Serviço de Parques começou a encaminhar pedidos para reservar grandes trechos de Washington —incluindo a maior parte do parque Lafayette, o parque Ellipse perto da Casa Branca, a maior parte do parque National Mall, áreas próximas ao Monumento a Washington e ao Memorial Lincoln e outras vias públicas principais— para o comitê organizador da festa de posse do candidato vencedor.

    Segundo documentos do Serviço de Parques, os preparativos para os eventos da posse começaram na semana antes da eleição e devem terminar em março.

    "Estamos com um processo litigioso em julgamento no momento pedindo acesso no dia da posse a áreas verdes adjacentes ao percurso que será seguido pela parada, para nelas realizar atividades de liberdade de expressão", disse Verheyden-Hilliard.

    O comitê de Trump quer levantar entre US$ 65 milhões e US$ 75 milhões até o final de janeiro para pagar pelos eventos de posse. Os doadores que contribuírem com pelo menos US$ 1 milhão poderão comprar um lugar à mesa, literalmente, em um almoço com parlamentares e pessoas indicadas para cargos no próximo gabinete.

    Estão circulando especulações e versões diversas sobre os planos da equipe organizadora da posse de Trump, variando desde traslados em helicópteros até uma festa discreta "com destaque para o povo", segundo um assessor. Na semana passada o comitê de Trump ofereceu "um primeiro vislumbre" no Twitter, dizendo que os festejos vão incluir dois bailes, uma parada e um comício de boas-vindas.

    Na sexta-feira (9), organizadores da marcha de mulheres disseram em e-mail que um trajeto preliminar foi definido para o dia da marcha, que começaria no Capitólio às 10h do dia 21 de janeiro. No Facebook, o Memorial Lincoln ainda é citado como o ponto de partida da marcha.

    Litterst disse que os organizadores cujos eventos forem aprovados terão que ajudar a coordenar (e financiar) a logística das manifestações, levando em conta tudo, desde toaletes móveis até ajudar a coordenar a chegada de ônibus.

    Fendlay, a porta-voz da marcha, disse na segunda-feira que cerca de US$ 60 mil foram levantados com uma campanha online lançada na semana passada, mas que os organizadores ainda não querem divulgar os custos projetados do evento.

    Enquanto isso, Cox orientou os participantes do Bikers for Trump a começarem a procurar lugares em hotéis na região de Washington.

    Tradução de Clara Allain

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