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    Venezuelanos formam longas filas para trocar notas de 100 bolívares

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    13/12/2016 19h16

    Os venezuelanos voltaram a formar longas filas nesta terça (13) nas principais cidades do país. Desta vez, a corrida foi aos bancos, para trocar as notas de 100 bolívares tiradas de circulação pelo presidente Nicolás Maduro.

    O mandatário disse ter tomado a decisão sob a alegação de que quadrilhas baseadas na Colômbia e apoiadas pelo Departamento de Estado americano estariam estocando as cédulas para "desestabilizar a economia do país".

    George Castellanos/AFP
    Dezenas de venezuelanos esperam em agência de San Cristóbal para trocar notas de 100 bolívares
    Dezenas de venezuelanos esperam em agência de San Cristóbal para trocar notas de 100 bolívares

    Ele também ordenou o fechamento da fronteira com o país vizinho por três dias —período em que será possível trocar as notas nos bancos venezuelanos— para evitar que estes bolívares retornem.

    No primeiro dia de troca, milhares de pessoas traziam maços de notas de 100 aos bancos para tentar depositar ou trocar pelas novas moedas do mesmo valor, que fazem parte da nova família do bolívar.

    Alguns se irritaram com a decisão repentina do governo. "Horrível, horrível, horrível! Não pode ser que façam isso faltando poucos dias para o Natal. Não é justo", disse a dona de casa Yajaira Pérez.

    Dias atrás, ela havia sacado milhares de bolívares em notas de 100 para as compras diárias. A cédula é a de maior denominação, mas vale R$ 0,14 na maior cotação oficial e R$ 0,06 na paralela, a mais usada pelos cidadãos.

    Devido à alta inflação e à instabilidade dos sistema de cartões, muitos usam apenas dinheiro vivo, motivo pelo qual quem foi aos bancos levava as notas em malas e caixas. Cerca de 58 mil militares reforçaram a segurança.

    O comércio já passou a recusar as notas. Quem perder o prazo de três dias para a troca nos bancos terá mais dez dias para trocar as notas nas filiais do Banco Central, que existem apenas na capital Caracas e em Maracay.

    Na fronteira, comerciantes de Cúcuta amargam o prejuízo. Grande parte dos estabelecimentos aceitavam bolívares, que não vão poder ser substituídos. A TV colombiana RCN mostrou um grupo atirando o dinheiro para o alto.

    Outras pessoas, venezuelanas e colombianas, esperavam durante a manhã para tentar cruzar para a Venezuela na esperança de que a fronteira reabra antes de quinta-feira (15).

    Carlos Eduardo Ramírez/Reuters
    Venezuelanos e colombianos tentavam cruzar a ponte Simón Bolívar, fechada por ordem de Nicolás Maduro
    Venezuelanos e colombianos tentavam cruzar a ponte Simón Bolívar, fechada por ordem de Maduro

    CONSPIRAÇÃO

    Maduro voltou a defender a medida em nota nesta terça. "É uma medida dura, mas inevitável, e ninguém vai perder seu dinheiro, a não ser aqueles trapaceiros, que carregam caminhões de notas na região fronteiriça."

    O ministro do Interior, Néstor Reverol, dizem que "há comprovação plena" da existência de grandes galpões com notas de 100 bolívares na Colômbia e em países da Europa e da Ásia como Alemanha, Espanha e Ucrânia.

    Segundo Reverol, as máfias supostamente apoiadas pelos EUA retiraram 300 bilhões de bolívares da Venezuela (R$ 1,48 bilhão na maior cotação oficial e R$ 279 milhões na paralela) para pressionar o mercado interno.

    "O governo norte-americano, com a intenção de tirar dinheiro daqui e asfixiar o sistema financeiro contratou ONGs que contratavam grandes grupos do crime organizado que tiraram o dinheiro pela Colômbia", afirmou.

    O fim da nota de 100 foi decretado em meio ao julgamento político de Maduro na Assembleia Nacional, dominada pela oposição. Apesar de não ter poder para retirar o presidente, a medida deve aumentar a tensão entre os poderes no país.

    Os debates prévios à votação começaram às 15h locais (17h em Brasília). A bancada governista deixou o plenário no início da sessão. Mais cedo, o governo libertou quatro opositores presos em protestos contra Maduro.

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