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    Brasil vai reassentar refugiados de Honduras, El Salvador e Guatemala

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    15/12/2016 02h00

    O governo brasileiro vai lançar no início do ano um programa para reassentar refugiados do chamado "Triângulo do Norte", formado por Honduras, El Salvador e Guatemala.

    Essa região da América Central tem o maior índice de assassinatos do mundo (excetuando-se zonas que estão em guerra declarada).

    Nos últimos anos, quase 10% da população de cerca de 30 milhões dessa região emigrou por causa da pobreza e da guerra entre gangues, a maioria em direção aos Estados Unidos. Mas muitos acabam em campos de refugiados superlotados e com condições sanitárias precárias no México e na Costa Rica. São esses que o governo brasileiro quer reassentar.

    Segundo o Conare (Comitê Nacional para Refugiados), o Brasil tem 8.863 refugiados, sendo a maior parte da Síria (2.298), de Angola (1.420) e da Colômbia (1.100). Outros 25 mil vivem no país enquanto aguardam a decisão do Conare sobre pedido de refúgio.

    Mas o país tem números muito baixos de reassentamento de refugiados —700, no total. Em 2015, foram apenas 33.

    Jorge Luis Plata/Reuters
    Central American migrants stand atop wagons while waiting for the freight train "La Bestia", or the Beast, to travel to north Mexico to reach and cross the U.S. border, in Arriaga in the state of Chiapas January 10, 2012. REUTERS/Jorge Luis Plata/File Photo ORG XMIT: CDG07
    Migrantes da América Central esperam um trem levá-los ao norte do México, de onde seguirão aos EUA

    Segundo Gustavo Marrone, secretário nacional de Justiça e Cidadania e presidente do Conare, os números são baixos porque o reassentamento depende de recursos do Acnur, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados.

    Agora, segundo ele, haverá R$ 1 milhão no orçamento de 2017 para implementar o projeto-piloto, que visa trazer cerca de 60 a 70 refugiados hondurenhos, salvadorenhos e guatemaltecos vivendo no México e Costa Rica, principalmente crianças e mulheres.

    O ministério fará uma missão que viajará a esses países para identificar refugiados interessados em ser reassentados no Brasil. Eles devem ir para algumas cidades já preparadas para receber refugiados, como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e outros 13 municípios menores no Rio Grande do Sul.

    ESTADOS UNIDOS

    O governo americano vem pressionando vários países a acolherem um número mais significativo de refugiados centro-americanos.

    Hoje, cerca de 90% das pessoas que atravessam de forma ilegal a fronteira dos EUA com o México vêm do Triângulo do Norte.

    Só neste ano, 47 mil crianças desacompanhadas vindas desses países entraram ilegalmente nos EUA.

    A Casa Branca vem negociando com o governo do México para que o país impeça os centro-americanos de irem para a fronteira americana. Mas o país vizinho diz estar sobrecarregado.

    Na cúpula de refugiados organizada pela Casa Branca, logo após a reunião da ONU sobre o mesmo tema, em setembro deste ano, os países concordaram em aumentar o volume de recursos para um fundo de reassentamento de refugiados.

    Segundo o secretário Gustavo Marrone, do Conare, após o projeto-piloto, o governo brasileiro pretende reassentar mais refugiados do Triângulo do Norte usando recursos desse fundo.

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