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    Macri critica chanceler venezuelana por tentar invadir cúpula do Mercosul

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    16/12/2016 19h02 - Atualizado às 23h57

    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, respondeu nesta sexta-feira (16) ao número dois do chavismo, Diosdado Cabello, que o havia chamado de covarde pelo tratamento dado à chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, em Buenos Aires.

    Em seu programa na TV de seu país na quinta, Cabello disse que Macri deveria retirar o representante diplomático argentino em Caracas, Eduardo Porreti. "Que esse homem faça suas malas e que vá embora. Seu governo é inimigo da pátria de Bolívar."

    Emiliano Lasalvia/AFP
    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, concede entrevista com a colega chilena, Michelle Bachelet
    O presidente da Argentina, Mauricio Macri, concede entrevista com a colega chilena, Michelle Bachelet

    Macri disse que "covarde é submeter um povo pela força e não deixá-lo se expressar".

    Na tarde desta sexta, durante um ato em Caracas, foi a vez de o presidente venezuelano Nicolás Maduro apoiar as declarações de Cabello. "Macri é um covarde, um ladrão e um oligarca", acusando o argentino de ter ordenado uma suposta agressão à Rodríguez. "Macri, não se meta com as mulheres."

    Depois, acrescentou: "O povo argentino se encarregará de você, Macri, você vai secar como todo aquele que se mete com os filhos de Chávez e de Bolívar."

    Na quarta (14), Rodríguez havia ido à capital argentina para integrar a cúpula de chanceleres do Mercosul, apesar de a participação da Venezuela no bloco ter sido "cessada" há duas semanas.

    Ela foi impedida pela colega argentina, Susana Malcorra, e em seguida tentou forçar a entrada na reunião, causando confusão entre a comitiva, manifestantes contrários a Macri e a polícia.

    O governo venezuelano acusou, no dia seguinte, os policiais argentinos de terem ferido Rodríguez, algo que não se observou no local: a chanceler se despediu dos manifestantes e foi embora.

    Com relação ao episódio de Rodríguez, o argentino disse ainda que é "uma pequena anedota perto do problema maior, que é a pobreza, o abandono e o desrespeito aos direitos humanos que vêm ocorrendo na Venezuela."

    Também recriminou a chanceler porque "uma pessoa não pode se convidar a um encontro ao qual não foi chamada" e criticou as imposições de Maduro aos cidadãos.

    "Nós desejamos apenas que tudo isso acabe e que os venezuelanos possam finalmente decidir sobre o seu futuro", disse, depois de encontro com a presidente do Chile, Michelle Bachelet.

    A Argentina defende que se realize o referendo que revoga o mandato de Maduro, como quer a oposição venezuelana. A ideia da consulta, no entanto, perdeu força depois que a Justiça anulou parte das assinaturas necessárias para fazer a votação.

    Isso impediu que o referendo pudesse ocorrer antes de 10 de janeiro, quando vence o prazo para que se realizassem eleições diretas em caso de saída de Maduro. Agora, se a consulta for feita, o vice-presidente assume o poder.

    Também questionada sobre a cessação de participação da Venezuela no Mercosul, Bachelet disse que a questão não cabe ao Chile, que é membro associado. Porém, respeita a decisão dos integrantes permanentes. "Mostramos nossa preocupação e apoiamos a via do diálogo para um encerramento pacífico dessa situação."

    Outro associado ao Mercosul, a Bolívia alinhou-se à Venezuela. O chanceler boliviano, David Choquehuanca, inclusive participou da confusão em Buenos Aires.

    ALIANÇA DO PACÍFICO

    Os dois mandatários também trataram de uma possível aproximação entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico. Macri propôs uma reunião para discutir o tema.

    Bachelet, por sua vez, diz que vê de forma positiva o desejo de a Argentina, que já é membro observador da Aliança do Pacífico, "vir a ser integrante do bloco."

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