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    Afeganistão investiga vice-presidente por sequestro e estupro de político rival

    DA AFP

    18/12/2016 14h58

    Omar Sobhani/Reuters
     Ahmad Ishchi, político rival ao vice-presidente Abdul Rachid Dostum e que teria sido sequestrado
    Ahmad Ishchi, político rival ao vice-presidente Abdul Rachid Dostum e que teria sido sequestrado

    A justiça afegã, como consequência das duras críticas dos ocidentais, abriu uma investigação sobre o vice-presidente, o general Abdul Rachid Dostum, acusado de ter mandado sequestrar e estuprar um rival político.

    Dostum é suspeito de ter ordenado seu guarda pessoal capturar seu adversário, o ex-governador Ahmad Ishchi, durante uma partida de buzkachi, esporte disputado sobre cavalos e tradicional no Afeganistão, em Jawzjan.

    O acusado, um ex-chefe militar cujo nome é associado a uma série de crimes de guerra, supostamente manteve Ishchi durante cinco dias em sua casa, onde suspeita-se que tenha sido torturado e sodomizado.

    "O escritório do procurador-geral abriu uma investigação imparcial e transparente sobre estes feitos", declarou no sábado o Ministério da Justiça em um comunicado.

    "A investigação será realizada de forma neutra e independente", acrescentou.

    As autoridades afegãs tentam reunir todas as provas possíveis depois que vários responsáveis dos Estados Unidos, União Europeia e Canadá exigiram a abertura de uma investigação.

    Ishchi foi submetido a uma exame médico pouco tempo depois de sua libertação, assegura a imprensa local.

    Mas Dostum "é muito poderoso para ser julgado ou demitido", opina o cientista político afegão Ahmad Saeedi.

    "O presidente tem pressa para atuar, mas Dostum tem muito apoio e influência, o que não pode ser tirado rapidamente pelo governo", acrescentou.

    Dostum, que nega as acusações, afirmou que irá cooperar com a justiça, ainda que prefira "resolver" o assunto com a mediação de responsáveis tribais antes do tribunal.

    Este caso ilustra a brutalidade e impunidade dos chefes de guerra que receberam cargos de responsabilidade, cujos atos dificultam os esforços para pacificar e reconstruir o país.

    O general Dostum é famoso por seus acessos de raiva e seu polêmico passado. Em 2001, prendeu milhares de talibãs que morreram executados ou asfixiados nos contêineres onde suas tropas haviam os amontoado.

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