• Mundo

    Wednesday, 01-May-2024 15:52:56 -03

    Alemanha investiga irmãos de Macri por transações em empresa offshore

    SYLVIA COLOMBO
    DE BUENOS AIRES

    20/12/2016 02h00

    A Interpol e o Ministério Público Fiscal da Argentina investigam movimentações bancárias consideradas suspeitas feitas por dois irmãos do presidente Mauricio Macri, Gianfranco e Mariano.

    As transações foram realizadas pouco antes do primeiro turno da eleição do ano passado, segundo revelações publicadas no fim de semana pelos jornais "La Nacion" (Argentina) e "Süddeutsche Zeitung" (Alemanha).

    Emiliano Lasalvia/AFP
    O presidente argentino, Mauricio Macri, concede entrevista com a colega chilena, Michelle Bachelet
    O presidente argentino, Mauricio Macri, concede entrevista com a colega chilena, Michelle Bachelet

    As investigações começaram quando a Procuradoria de Hamburgo, na Alemanha, enviou documentação à Procelac, seção do Ministério Público fiscal argentino dedicada a investigar crimes de lavagem de dinheiro.

    O informe alemão mostra que a empresa BF Corporation, formada no Panamá, pediu ao banco UBS Deutschland AG que fechasse sua conta e transferisse seu dinheiro a um banco na Suíça.

    O UBS Deutschland AG considerou a operação suspeita por conta do alto valor envolvido (as cifras não foram divulgadas) e pelo fato de os titulares terem pedido a destruição dos arquivos sobre sua existência. Ao pedir informações necessárias para o procedimento, essas foram negadas pela empresa.

    O banco, então, informou a Procuradoria de Hamburgo, que passou a investigar a BF Corporation. Segundo os alemães, a empresa teria sido criada pelo escritório Mossack Fonseca, envolvido no escândalo dos "Panamá Papers", e era operada pelo contador uruguaio Lussich Torrendel, que cuida dos negócios da família Macri.

    A Procuradoria de Hamburgo, então, também enviou a documentação sobre a investigação à Interpol. A organização notificou seus escritórios na Argentina e no Uruguai, afirmando que "uma entidade bancária alemã apontou operações suspeitas realizadas pelas seguintes pessoas", mencionando na sequência Gianfranco e Mariano Macri, além do contador Torrendel.

    Possuir contas no exterior e realizar operações financeiras via empresas offshore não são considerados crime na Argentina, desde que sejam declaradas à Afip (Receita Federal local).

    A Procelac encaminhou o caso para os mesmos juiz (Sebastián Casanello) e promotor (Federico Delgado) que averiguam a veracidade das declarações de Macri sobre sua citação no escândalo dos "Panamá Papers".

    Entre as informações vazadas em abril, o nome do presidente aparecia como sendo diretor de uma empresa nas Bahamas, não declarada.

    Na época, o mandatário afirmou que não havia declarado porque a empresa pertencia ao pai, o empresário Franco Macri, e que ele nunca havia recebido nenhum dinheiro por meio dela. A Justiça tenta apurar se há vínculo entre os dois casos.

    A Folha procurou a Presidência argentina para conhecer sua posição sobre o caso e recebeu uma declaração dada pelo chefe de gabinete, Marcos Peña.

    "Se algum parente do presidente Macri tem ou não algo, terá de explicar, mas pensar que isso seja um grande caso de corrupção é uma ideia que não compartilhamos", disse.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024