Depois de o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmar que a expansão de assentamentos israelenses ameaça a possibilidade de paz com os palestinos, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse nesta quarta (28) estar disposto a retomar o diálogo com Israel se as construções forem cessadas.
Segundo Abbas, ele está pronto para negociar com os israelenses "dentro de um período estipulado e com base na lei internacional" – o que deveria incluir uma referência à resolução aprovada no Conselho de Segurança da ONU na última semana condenando a colonização israelense em territórios palestinos, afirma.
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Abbas (à esq.) e Netanyahu se cumprimentam no funeral de Shimon Peres em setembro deste ano |
A abstenção do governo Barack Obama na votação, que permitiu a aprovação da resolução, foi o estopim para mais uma troca de farpas entre os tradicionalmente aliados EUA e Israel.
Em discurso nesta quarta, Kerry disse que os EUA agiram "de acordo com nossos valores" e que "tendências locais", como violência, terrorismo e "expansão de assentamentos e ocupação aparentemente sem fim" estão "destruindo a esperança de paz dos dois lados" e ameaçando possibilidade de uma solução de dois Estados.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, criticou a fala de Kerry por ser "enviesada contra Israel" e focada de forma "obsessiva" nos assentamentos israelenses.
Os comentários de Abbas reafirmam a posição de longa data dos palestinos e não chegaram a tratar dos seis pontos necessários para a paz que Kerry falou em seu discurso. Entre eles, está a obrigação de assegurar "que Israel possa se defender efetivamente e que a Palestina possa oferecer segurança para a sua população em um Estado soberano e não militarizado".