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    Putin anuncia acordo de cessar-fogo entre regime e rebeldes na Síria

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    29/12/2016 10h21 - Atualizado às 13h32

    O regime sírio e a oposição assinaram um acordo de cessar-fogo e se comprometeram a participar de uma nova rodada de negociações.

    O anúncio foi feito nesta quinta-feira (29) por Vladimir Putin, presidente da Rússia, que anunciou também a redução de seu envolvimento no conflito, iniciado em 2011.

    Após a vitória do Exército sírio em Aleppo, o cessar-fogo pode significar um importante desenvolvimento nessa guerra civil, que tem impactado todo o Oriente Médio.

    O Exército sírio afirmou que os embates serão paralisados a partir da meia-noite (20h em Brasília). Segundo a Rússia, as facções rebeldes que participam do acordo incluem 62 mil combatentes.

    A Coalizão Nacional Síria e o Exército Livre da Síria, aliança de rebeldes que perdeu relevância nos últimos anos, afirmaram estar comprometidos com o cessar-fogo e pediram que as partes envolvidas o respeitem.

    Há controvérsias a respeito da abrangência do acordo. O Exército afirmou que grupos terroristas, como o Estado Islâmico e a Jabhat Fateh al-Sham, estão excluídos. Ambos estão entre os principais atores nesse conflito.

    Forças rebeldes ouvidas pela agência de notícias Reuters afirmavam, por outro lado, que apenas o Estado Islâmico não estava incluído no cessar-fogo. A Jabhat Fateh al-Sham, antiga Jabhat al-Nusra, está ligada à organização radical Al Qaeda.

    CAZAQUISTÃO

    O cessar-fogo já vinha sendo debatido. O governo turco havia anunciado, na véspera, a possibilidade de que os ataques fossem interrompidos antes das negociações políticas. Rússia e Turquia são os principais mediadores hoje na Síria, progressivamente excluindo os EUA.

    O regime e a oposição assinaram três documentos: o acordo pelo cessar-fogo, uma lista de garantias para manter a trégua e o comprometimento em participar das negociações políticas futuras.

    Durante o período do cessar-fogo, nenhuma das partes poderá expandir o território que está sob seu controle.

    Deve haver um encontro no Cazaquistão envolvendo Rússia, Turquia, Irã e as partes sírias envolvidas. Ainda não há uma data específica.

    O anúncio deve ser recebido, no entanto, com cautela. Mesmo o presidente russo reconheceu que a situação do cessar-fogo era "frágil".

    Tentativas anteriores de cessar-fogo fracassaram, afinal. Em setembro, um acordo mediado por Rússia e Estados Unidos foi suspenso após o contínuo bombardeio sírio nas regiões controladas pelas forças rebeldes.

    Um dos empecilhos é a divergência entre as posições da Rússia e da Turquia. Putin é o principal aliado do ditador sírio Bashar al-Assad, enquanto o presidente turco Recep Tayyip Erdogan vem exigindo sua renúncia.

    A Turquia pede também que a milícia libanesa Hizbullah deixe a Síria, uma imposição que incomoda o Irã – aliado dessa facção. A participação do Hizbullah foi fundamental para garantir a sobrevivência do regime sírio, que chegou a ser ameaçado no início do conflito.

    HISTÓRICO

    O confronto sírio foi iniciado em março de 2011 após protestos pacíficos serem escalados pela violência do regime e da oposição armada.

    Estima-se que quase 500 mil pessoas tenham sido mortas. Cerca de 11 milhões foram deslocados e 1 milhão de sírios pediram asilo na Europa, 300 mil deles apenas na Alemanha.

    Um dos episódios mais importantes do conflito foram travados recentemente —a tomada de Aleppo pelo Exército sírio, após anos de embates. Aleppo era a principal cidade do país antes da guerra civil e tornou-se um dos símbolos da guerra.

    O regime de Assad deve marchar, agora, rumo a outras regiões tomadas por forças rebeldes, como a província de Idlib e a cidade de Raqqa, a "capital" do Estado Islâmico. Há também bolsões de oposição ao norte, na fronteira com a Turquia.

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