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    Putin decide não expulsar diplomatas americanos da Rússia

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    30/12/2016 08h50 - Atualizado às 20h47

    Andrew Harnik - 28.set.2015/AP Photo
    Putin e Obama se cumprimentam em encontro bilateral no prédio da ONU
    Putin e Obama se cumprimentam em encontro bilateral no prédio da ONU, em 2015

    Vladimir Putin, presidente da Rússia, afirmou nesta sexta-feira (30) que não irá expulsar diplomatas americanos como represália às sanções impostas pelos Estados Unidos na véspera.

    O anúncio surpreendeu, após o chanceler russo Sergei Lavrov ter proposto durante a manhã a retirada de 35 diplomatas americanos.

    Lavrov havia pedido, durante um pronunciamento ao vivo na televisão nacional, a expulsão de 31 diplomatas em Moscou e quatro em São Petesburgo. Putin não acatou a sua sugestão, porém.

    "Nós não vamos expulsar ninguém. Nós não vamos nos rebaixar a um nível de diplomacia irresponsável", afirmou Putin em uma mensagem oficial, antes de desejar um feliz Ano-Novo a Barack Obama e ao povo americano

    O presidente russo, ademais, convidou os filhos de diplomatas americanos para participar da comemoração de fim de ano no Kremlin, com uma árvore de Natal.

    A tensão nas relações entre Rússia e EUA escalou nesta semana. Na quinta (29), Obama ordenou a expulsão de 35 diplomatas russos e a sanção de agências de inteligência do país.

    Dmitri Medvedev, premiê russo, afirmou que Obama está encerrando seu mandato em uma "agonia anti-Rússia". Ele concluiu a sua mensagem, publicada em uma rede social, com a sigla "RIP" -descanse em paz.

    ELEIÇÕES

    Os EUA acusam a Rússia de tentar interferir no resultado das eleições de novembro, quando o republicano Donald Trump foi eleito. Moscou e Trump negam.

    A Rússia seria responsável, segundo os EUA, pelo ataque de hackers aos servidores do Partido Democrata, o que resultou no vazamento de quase 20 mil e-mails.

    Os EUA deram 72 horas para que os diplomatas e suas famílias deixassem o país. Segundo a agência Interfax, havia dificuldade em conseguir bilhetes aéreos devido à temporada de festas. A Rússia planeja enviar uma aeronave do governo para buscá-los.

    Em 2011, quando o então presidente George W. Bush expulsou 51 diplomatas russos acusados de serem espiões, a Rússia expulsou 50 diplomatas americanos.

    Esperava-se, dessa maneira, que Putin revidasse de maneira proporcional, mas ele afirmou preferir esperar as ações de Trump -que toma posse em 20 de janeiro- antes de decidir o futuro de suas relações com os EUA.

    Apesar de não haver clareza quanto às políticas de Trump sobre a Rússia, espera-se que ele possa amenizar a tensão presente. Ele, afinal, elogiou publicamente Putin durante a campanha.

    Trump elogiou a decisão de Putin. "Grande decisão de adiar (por V. Putin) -eu sempre soube que ele era muito inteligente", publicou em redes sociais. Um porta-voz do presidente eleito afirmou que não há planos imediatos de discutir a questão com Putin. O republicano deve ser informado na semana que vem pela inteligência americana sobre a situação.

    Ele criticou na quinta-feira a decisão de expulsar os diplomatas russos, afirmando que "é hora de nosso país seguir adiante para coisas maiores e melhores".

    Trump está, dessa maneira, em desacordo com a maior parte de seu partido, que já pediu investigações sobre ataques virtuais durante a campanha de 2016.

    Rússia e EUA têm entrado em atrito também a respeito de questões de geopolítica, como a guerra na Síria

    A Rússia é a principal aliada do ditador Bashar al-Assad, enquanto os EUA exigem sua renúncia como parte da solução à guerra.

    Ambos os países ajudaram a mediar duas tentativas de cessar-fogo neste ano. Rússia e Turquia anunciaram nesta quinta (19) um novo acordo. A trégua segue em vigor, apesar de violações esporádicas, e caso se consolide irá contribuir para o isolamento diplomático dos EUA na região.

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