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    Suspeito de ataque terrorista a boate em Istambul segue foragido

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    01/01/2017 17h36

    Segue foragido o homem que disparou contra o público de uma celebração de Ano-Novo em Istambul neste domingo (1º), deixando 39 mortos, entre eles ao menos 15 estrangeiros.

    O ataque, considerado um atentado terrorista pelo governo, ocorreu no tradicional clube noturno Reina, às margens do Bósforo. Havia cerca de 600 pessoas nessa casa, frequentada por celebridades e pela elite secular.

    Há entre as vítimas cidadãos de países como Israel, Líbano, Líbia, Marrocos e Arábia Saudita, segundo as informações oficiais preliminares. Quatro dos 69 feridos estão em estado crítico.

    O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu neste domino combater o terrorismo "até o fim". "[Os terroristas] agem para destruir a moral do país e para semear o caos, tomando deliberadamente como alvo a paz da nação e dos civis com esses ataques de ódio."

    Nenhum grupo terrorista reivindicou, até o momento, a autoria do ataque. O Estado Islâmico não costuma assumir as ações de imediato, aproveitando-se do caos informativo dos primeiros dias. O fato de o atirador ainda estar à solta pode atrasar um eventual anúncio.

    O homem armado teria matado um policial e um civil na porta e forçado sua entrada. Em pânico, pessoas se jogaram na água para escapar do atirador, que iniciou os disparos em torno das 1h45 (20h45 em Brasília).

    Segundo a imprensa turca, uma das vítimas foi o segurança Fatih Çakmak, que havia sobrevivido ao atentado de 10 de dezembro contra um estádio de futebol, em que 45 pessoas morreram.

    Já havia expectativas de um ataque durante o Ano-Novo. Diversos países europeus, como a Espanha, reforçaram medidas de segurança, proibindo a passagem de caminhões na região central.

    Berlim foi em dezembro passado alvo de um atropelamento em uma feira de Natal que deixou 12 mortos.

    Segundo a mídia local, a Turquia teria sido avisada pelos EUA sobre planos de um atentado nesta noite. O próprio clube Reina teria reforçado sua segurança, segundo uma declaração do proprietário do estabelecimento, Mehmet Kocarslan.

    INSTABILIDADE

    A Turquia, um membro da Otan (aliança militar ocidental), vive meses de instabilidade, que devem agora ser agravados por este ataque.

    Houve uma tentativa frustrada de golpe militar em julho, com mais de 270 mortos, além de uma série de ataques a cidades como Istambul e a a capital, Ancara. Alguns dos atentados foram reivindicados pela facção terrorista Estado Islâmico.

    Em 19 de dezembro, o embaixador russo na Turquia foi morto enquanto discursava em Ancara por um policial turco fora de serviço.

    SÍRIA

    A Turquia faz parte da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, realizando ataques contra seu território, o que pode ter motivado o atentado. O governo turco mediou, ademais, o cessar-fogo atualmente em vigor na Síria.

    Um grupo ligado ao Estado Islâmico divulgou, há alguns dias, uma mensagem pedindo ataques solitários a celebrações em massa, incluindo os clubes noturnos.

    O Estado Islâmico não é, porém, o único ator em conflito com o governo turco. O presidente Erdogan combate também forças curdas, que pedem maior autonomia à região sudeste.

    O atrito entre a Turquia e a população curda foi agravado nestes últimos anos por uma série de embates.

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