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    Israel condena soldado por matar agressor palestino ferido

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    04/01/2017 12h08 - Atualizado às 16h44

    A Justiça militar de Israel condenou nesta quarta-feira (4) por assassinato um soldado que havia atirado em um agressor palestino ferido, em um processo que gerou divisões no país.

    Em março, o sargento Elor Azaria, 20, matou a tiros um palestino que estava ferido e desarmado e que, momentos antes, havia esfaqueado um outro soldado na cidade de Hebron, na Cisjordânia.

    A ação de Azaria foi capturada em vídeo e gerou reações negativas por parte de comandantes das Forças Armadas.

    Integrantes do governo israelense e simpatizantes da direita nacionalistas, por sua vez, saíram em defesa do militar.

    Nesta quarta-feira, dezenas de apoiadores de Azaria se reuniram do lado de fora do tribunal militar em Tel Aviv onde ocorreu o julgamento para pedir sua absolvição. Alguns manifestantes entraram em confronto com a polícia.

    No julgamento, a Justiça militar considerou inválidos os argumentos dos advogados de Azaria, de que ele teria agido em legítima defesa.

    "O motivo dele para atirar foi que ele sentiu que o terrorista merecia morrer", disse a coronel Maya Heller, líder do painel de militares selecionado para julgar o caso. "Não se pode usar esse tipo de força, mesmo quando se trata da vida de um inimigo."

    A decisão sobre a sentença do soldado, que pode chegar a até 20 anos de prisão, está programada para sair em 15 de janeiro.

    A condenação de Azaria é um caso raro em que a Justiça militar de Israel se opõe a um soldado por ações adotadas em combate.

    As Forças Armadas têm grande prestígio na sociedade israelense e, apesar das denúncias por parte de organizações de direitos humanos, diversas ações promovidas por soldados contra os palestinos não resultam em indiciamento.

    Líderes da extrema direita pediram que o presidente de Israel, Reuven Rivlin, use suas atribuições constitucionais e perdoe Azaria. O gabinete do presidente disse que considerará o pedido de perdão no momento apropriado, "após o encerramento do processo".

    O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirmou por meio de sua conta no Facebook apoiar que Azaria seja perdoado.

    "Os soldados das Forças de Defesa de Israel são nossos filhos e filhas e devem estar acima de qualquer controvérsia", escreveu o premiê.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Onde fica Hebron, na Cisjordânia

    A Defesa afirmou que recorrerá do veredicto. Sharon Gal, porta-voz da família Azaria, disse que "a corte parece ter ignorado o fato de que [o incidente] ocorreu em uma área de ataque".

    "Senti como se o tribunal tivesse pegado a faca do chão e esfaqueado todos os soldados pelas costas", afirmou.

    Em Hebron, familiares do palestino alvejado por Azaria comemoraram a decisão da Justiça israelense.

    "Me sinto bem. É justo. É uma conquista do tribunal ter condenado o soldado", disse Yousri al-Sharif, pai do agressor morto em março, após acompanhar o julgamento pela televisão. "Fiquei exausto e tenso. Fumei dois maços de cigarro enquanto assistia ao julgamento."

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