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    Agricultor francês pode ser preso por acolher migrantes em sua casa

    DA RFI

    04/01/2017 14h12

    Ele se tornou o símbolo de cidadãos franceses que se mobilizam em prol dos migrantes.

    O agricultor Cédric Herrou, 37, da cidade de Breil-sur-Roya, no sul da França, começará a ser julgado nesta quarta (4) por ter acolhido clandestinos em sua residência. O francês pode ser condenado a até cinco anos de prisão e pagar multa de 30 mil euros.

    Valery Hache/AFP
    O agricultor francês Cédric Herrou fala à imprensa ao chegar para seu julgamento, em Nice, nesta quarta (4)
    O agricultor Cédric Herrou, 37, fala à imprensa ao chegar para seu julgamento, em Nice, nesta quarta (4)

    A Justiça francesa considera que Herrou não teve objetivos humanitários, mas agiu como militante ao ajudar migrantes que atravessaram a fronteira da França com a Itália para buscar refúgio na Europa.

    Ele criou uma associação que, além de acolher pessoas vindas do Sudão, da Eritreia e da Nigéria em sua fazenda, também ajudou a transportar dezenas de migrantes até estações de trem, ajudando-os a seguir viagem para outras cidades francesas ou países europeus.

    Ao chegar ao tribunal de Nice nesta quarta, Herrou deu sinais de que não vai deixar de ajudar os migrantes. "O que eu faço não é um sacrifício, é uma honra", declarou.

    À imprensa francesa, o agricultor declarou que todos os franceses têm obrigação de ajudar as pessoas que fogem da fome e de guerras na África e no Oriente Médio a sobreviver. "O maior perigo é essa fronteira que foi estabelecida em nome do terrorismo", reiterou.

    O fazendeiro foi acolhido na tarde desta quarta-feira por um grupo de 300 pessoas que exibiam cartazes com mensagens como "As fronteiras são as cicatrizes da terra" e "todos devem ser solidários".

    "Vou ter que justificar minhas ações e eu o farei em nome de todas essas pessoas que passaram pela minha casa. Se sou obrigado a fazer isso para apoiar essas pessoas, vamos lá!".

    Herrou também provocou as autoridades: "Vou pedir ao juiz que o prefeito venha aqui também se justificar sobre os milhares de menores que ele expulsa."

    CERCO

    Em agosto de 2015, o agricultor começou a ser investigado depois que transportou da fronteira com a Itália para sua casa nove eritreus. Mas a Justiça fechou o cerco ao francês depois que ele alojou 50 migrantes em uma colônia de férias da Sociedade Francesa dos Caminhos de Ferro (SNCF), companhia metroviária do país, na cidade de Saint-Dalmas-de-Tende, no sul.

    A ação foi denunciada pelos vereadores de direita do local. A ocupação terminou com uma violenta intervenção das forças de segurança.

    Além de Herrou, outros casos de franceses solidários aos migrantes ganham frequentemente as páginas dos jornais e comovem a opinião pública.

    Em novembro do ano passado, Pierre-Alain Mannoni, 45, um pesquisador de Nice, foi condenado a seis meses de prisão com sursis por ter transportado da fronteira da França com a Itália um grupo de migrantes eritreus. A Justiça francesa voltará a avaliar seu caso na próxima sexta-feira (6).

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