• Mundo

    Saturday, 04-May-2024 20:19:34 -03

    Trocas de gabinete no governo e no Legislativo acirram crise na Venezuela

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    05/01/2017 22h32

    As mudanças no primeiro escalão do Executivo e no comando do Legislativo da Venezuela acirraram a disputa entre o governo do presidente Nicolás Maduro e da oposição, que domina há um ano a Assembleia Nacional.

    Um dia após o mandatário ter nomeado Tareck El Aissami, da linha-dura do chavismo, como vice, o opositor Julio Borges assumiu nesta quinta-feira (5) o Legislativo prometendo avançar com o processo de abandono de cargo pelo presidente.

    Marco Bello/Reuters
    O novo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, discursa após a posse
    O novo presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, discursa após a posse

    Para Borges, Maduro abandonou a Constituição ao não dar solução à grave crise econômica e social que vive o país e ao tentar impedir, por meio da Justiça e do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a realização do referendo que revogaria seu mandato.

    "O povo venezuelano tem que ter o direito de votar e decidir seu futuro já. Não continue tentando conter a soberania do povo porque vai terminar arrasado. Respeite a Constituição e o povo."

    Ele colocou a realização de novas eleições como um lema para 2017. A declaração contrasta com a de Maduro, que havia dito na quarta-feira (4) que este ano seria o da "contraofensiva vitoriosa".

    Toda a mesa diretora da Assembleia será da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD). O vice-presidente será Freddy Guevara, integrante do Vontade Popular, partido do opositor preso Leopoldo López.

    Na quarta (4), Maduro afirmou desejar que ele respeitasse o diálogo com o governo e o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). Em agosto, a Corte declarou a Assembleia em desacato por ter nomeado deputados impugnados.

    Para o vice Aissami, a Assembleia é ilegítima e pretende impor um discurso de ódio e de desrespeito à Constituição. "A direita continuará com seu roteiro e seu show de costas para a verdade. Não esperávamos menos de uma direita deplorável, racista e antipopular. Vocês são mais do mesmo desastre do passado traduzido em corrupção."

    GABINETE

    Horas antes da posse do novo presidente do Legislativo, a oposição havia criticado a troca do vice de Maduro a reforma ministerial. O ex-presidenciável Henrique Capriles afirmou que se trata de "pura reciclagem".

    "Não tenho nenhuma expectativa com esse senhor [Aissami] nem com a mudança de governo", disse, criticando os elogios de Maduro ao novo vice pelo trabalho na segurança de Aragua.

    O Estado dirigido por Aissami teve a maior taxa de homicídios do país —142 por 100 mil habitantes. O segundo foi Miranda, governado por Capriles, com 140 por 100 mil habitantes. A taxa de ambos é sete vezes mais alta que a brasileira, de 21 por 100 mil habitantes.

    Já o secretário-geral da MUD, Jesús Torrealba, questionou a nomeação de ministros que não conhecem suas áreas. "São pessoas que não significam nada para o país."

    A disputa entre oposição e governo chegou até à TV estatal. A VTV cortou a rede nacional da posse da Assembleia para reprisar o anúncio dos novos ministros.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024