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    PF prende coiotes que levaram brasileiros sumidos nas Bahamas

    FABIANO MAISONNAVE
    DE MANAUS

    13/01/2017 09h56 - Atualizado às 18h21

    Arquivo pessoal
    Renato Soares de Araujo, de 32 anos, da cidade de Sardoa, no Vale do Rio Doce, e um dos desaparecidos Foto: Arquivo de familia/ Reproducao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Renato Soares de Araujo, mineiro de 32 anos, é um dos brasileiros desaparecidos no Caribe

    Em operação contra uma quadrilha responsável por levar imigrantes brasileiros ilegalmente aos EUA, a Polícia Federal prendeu três "coiotes" e cumpriu sete mandados de busca e apreensão nos Estados de Minas Gerais, Rondônia e Santa Catarina.

    Batizada de Piratas do Caribe, a ação faz parte das investigações sobre o paradeiro de 12 brasileiros desaparecidos desde o dia 6 de novembro, quando teriam partido das Bahamas rumo à costa da Flórida. Eles são de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Paraná e Rondônia.

    As autoridades das Bahamas e dos Estados Unidos informaram recentemente à PF que não há registro de sua prisão. Com isso, cresce a hipótese de que o barco que levava o grupo tenha naufragado durante o trajeto.

    Até a noite desta sexta-feira (13), a PF ainda não havia localizado outros dois "coiotes", como são chamados os agenciadores dessas viagens. Os mandados de busca incluíram agências de turismo e casas particulares.

    A investigação recolheu indícios de que o esquema pagava propina para funcionários de imigração no aeroporto de Nassau, capital das Bahamas, para evitar a deportação, o que configura corrupção de agentes públicos.

    De avião, os grupos de imigrantes viajam juntos na data em que o acesso havia sido negociado e recebiam a orientação de passar em um guichê predeterminado, onde estaria o funcionário subornado.

    Para a PF, a forma de atuação dos coiotes configura um dos tipos de organização criminosa previsto na lei 12.850: associação de quatro ou mais pessoas com o objetivo de obter vantagem por meio de infrações penais transnacionais.

    INTIMIDAÇÃO

    Apesar de receber diversas informações anônimas sobre a quadrilha, a PF tem enfrentado dificuldades para convencer familiares dos desaparecidos a testemunhar contra os coiotes, o que atrasou o processo de coleta de indícios e, em decorrência disso, a autorização judicial da operação.

    "A primeira coisa que os coiotes fazem é ir na casa de todo mundo e conhecer a família inteira. Então é muito perigoso", disse à Folha um parente de um dos 12 desaparecidos, sob a condição do anonimato. "Não dá pra colocar nome porque a gente corre risco de morte."

    Apesar de ser menos usada do que a fronteira mexicana, a rota das Bahamas ganhou destaque no final de dezembro, quando o desaparecimento do grupo de 12 brasileiros chegou à imprensa. Para a viagem, cada um teria se comprometido a pagar cerca de US$ 20 mil (R$ 64,4 mil).

    O caso ocorre em um momento de crescimento do número de brasileiros que tenta emigrar aos EUA. Somente nos meses de novembro e dezembro, a Patrulha da Fronteira dos EUA prendeu uma média de 15,4 brasileiros por dia.

    É um crescimento de 73% em relação à média diária do ano fiscal de 2016 americano (1° de outubro de 2015 a 30 de setembro de 2016), quando houve 8,9 prisões/dia de brasileiros cruzando ilegalmente para aos EUA. Mais de 90% desses casos ocorre perto da fronteira com o México.

    Operação Piratas do Caribe

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