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    Governo Trump

    Trump minimiza diferenças entre posições dele e as de seus indicados

    DE SÃO PAULO

    13/01/2017 15h13

    Lucas Jackson - 11.jan.2017/Reuters
    Donald Trump faz sua primeira entrevista para a imprensa como presidente eleito, na cidade de Nova York (EUA), nesta quarta-feira
    Donald Trump dá entrevista coletiva em Nova York (EUA) na quarta-feira (11)

    O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou nesta sexta-feira (13) as diferenças de opinião apresentadas por futuros integrantes de seu gabinete em relação às promessas feitas por ele durante a campanha eleitoral.

    Nos últimos dias, figuras indicadas por Trump para ocupar posições de destaque no governo participaram de sabatinas no Senado, nas quais expressaram divergências significativas em relação a posições do republicano sobre a temas como política externa, segurança, inteligência e imigração. As inconsistências programáticas foram alvo de críticas de adversários.

    Buscando minimizar as dissonâncias, Trump disse, no Twitter: "Todos os meus indicados para o gabinete estão se apresentando bem e fazendo um ótimo trabalho. Eu quero que eles sejam eles mesmos e expressem seus próprios pensamentos, não os meus!"

    Tuíte

    Um dos pontos de conflito entre o presidente eleito e seus futuros subordinados girou em torno da relação dos EUA com a Rússia. Durante a campanha, Trump prometeu reaproximar-se de Moscou, em um momento em que os dois países enfrentam seu maior tensionamento geopolítico desde a Guerra Fria.

    Ademais, enquanto os serviços de inteligência dos EUA relacionam o governo russo a ciberataques durante as eleições para favorecer Trump, o republicano disse nesta quarta-feira (11) que contar com a simpatia do presidente Vladimir Putin é uma "vantagem" para os EUA.

    Contrariando a perspectiva do presidente eleito, seus indicados afirmaram que a Rússia é um "perigo" para o mundo.

    O general da reserva James Mattis, nomeado para ser o secretário de Defesa defendeu nesta quinta-feira (12) uma presença militar permanente dos EUA nos países bálticos para deter a Rússia, considerada por ele um "competidor estratégico"dos EUA que "desperta graves preocupações em várias frentes".

    Jonathan Ernst - 12.jan.2017/Reuters
    Retired U.S. Marine Corps General James Mattis testifies before a Senate Armed Services Committee hearing on his nomination to serve as defense secretary in Washington, U.S. January 12, 2017. REUTERS/Jonathan Ernst ORG XMIT: WAS914
    O general da reserva James Mattis, indicado para a Defesa, participa de sabatina no Senado

    O deputado conservador Mike Pompeo, nomeado para chefiar a CIA (serviço secreto americano), também não poupou críticas a Moscou, pela ocupação de território da Ucrânia e pelas ameaças a aliados dos EUA na Europa.

    Na véspera, Rex Tillerson, indicado para chefiar o Departamento de Estado,havia expressado as mesmas preocupações, afirmando que "a Rússia será responsabilizada por suas ações". As declarações do ex-presidente da petroleira ExxonMobil provocaram surpresa, pois ele é conhecido por suas parcerias comerciais com a Rússia e por sua proximidade com Putin.

    Além da Rússia, as divergências entre Trump e seus indicados tocaram outros temas. Com relação ao uso de tortura, o futuro secretário de Justiça, Jeff Sessions, reiterou que a prática é ilegal. Durante a campanha, o magnata nova-iorquino havia prometido retomar técnicas violentas de interrogação.

    Sobre os indícios de interferência russa nas eleições americanas, Pompeo disse que pretende ordenar uma investigação da CIA. Em sua entrevista coletiva na quarta, Trump reconheceu pela primeira vez, após meses de negação, que a Rússia esteve envolvida em ciberataques contra a campanha de sua adversária democrata, Hillary Clinton, mas rejeitou que o objetivo de Moscou tenha sido beneficiá-lo.
    Trump prometeu no Twitter que sua equipe lançará "um relatório sobre ciberataques" em até 90 dias.

    HILLARY 'CULPADA'

    Ademais, o presidente eleito voltou nesta sexta-feira a criticar Hillary, dois meses após derrotá-la nas urnas. Trump afirmou que ela "nem deveria ter concorrido", devido a investigações realizadas pelo FBI (polícia federal americana) sobre e-mails da equipe da democrata.

    "O que as pessoas da Hillary Clinton estão reclamando sobre o FBI? Baseado nas informações que eles tinham, ela nunca deveria ter sido autorizada a concorrer -culpada pra caramba. Eles foram MUITO legais com ela", disparou o republicano. "Ela perdeu porque fez campanha nos Estados errados -nenhum entusiasmo!"

    Nesta quinta-feira, o Departamento de Justiça anunciou a abertura de um inquérito sobre as ações do próprio departamento e do FBI nos meses antes das eleições de 2016.

    Um dos alvos da investigação é James Comey, diretor do FBI, que divulgou às vésperas do pleito uma carta sobre o antigo escândalo do uso de servidores privados de e-mail por Hillary, dizendo que novas mensagens estavam sendo analisadas.

    Democratas culpam Comey pela forma como ele conduziu a investigação, dizendo que isso pode ter lhes custado a eleição.

    DOSSIÊ CONTRA TRUMP

    O presidente eleito também se manifestou nesta sexta-feira no Twitter em relação o relatório não verificado contendo supostas informações constrangedoras sobre ele coletadas pela Rússia. Caso sejam verdadeiros, esses dados poderiam ser usados pelo Kremlin para chantageá-lo no futuro.

    O relatório, supostamente redigido pelo ex-espião britânico Christopher Steele após meses de investigação, foi divulgado na terça-feira pela imprensa americana, provocando polêmica. Segundo a imprensa, o agente fugiu de sua casa e está desaparecido.

    "Agora se mostra que as alegações fraudulentas contra mim foram organizadas por meus oponentes políticos e por um espião falido que tem medo de ser processado..." disparou o republicano.

    "Fatos totalmente inventados por atores políticos picaretas, tanto democratas quanto republicanos. Notícias Falsas! A Rússia diz que não existe nada. Provavelmente divulgados pela 'inteligência' mesmo se sabendo que não há provas, e nunca haverá."

    Há alguns dias, Trump havia comparado o vazamento das informações a práticas da Alemanha nazista.

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