O Departamento de Justiça dos Estados Unidos alertou a polícia de Chicago pelo frequente uso excessivo da força, pela tolerância de condutas racistas e pelo abafamento de denúncias de má conduta.
As críticas contra a corporação estão contidas em relatório lançado nesta sexta-feira. O documento de 161 páginas é resultado de 13 meses de uma investigação sobre direitos civis lançada após protestos ocorridos naquela cidade contra o assassinato de um jovem negro por um policial branco.
Tannen Maury - 24.dez.2015/Efe | ||
Manifestantes pedem renúncia de prefeito de Chicago após morte de jovem negro, em 2015 |
O relatório diz que o uso excessivo da força inclui práticas como atirar em suspeitos em fuga e utilizar armas de choque contra crianças. As autoridades de Chicago se comprometeram a buscar soluções para os problemas apontados pelo governo federal.
"Com base nesta extensa investigação, o Departamento de Justiça concluiu que há motivos suficientes para acreditar que o Departamento de Polícia de Chicago promove um padrão de práticas de uso excessivo da força, violando a quarta emenda à Constituição", afirmou em entrevista coletiva a secretária de Justiça, Loretta Linch.
Adotada em 1792, a quarta emenda constitucional estabelece que os cidadãos americanos devem ser protegidos de "buscas e apreensões despropositadas".
Em novembro de 2015, uma série de protestos se seguiu à divulgação de um vídeo de um incidente ocorrido mais de um ano anos em que Jason Van Dyke, um agente branco da polícia de Chicago, aparece disparando à queima roupa 16 vezes contra Laquan McDonald, um adolescente negro. O policial chegou a ser condenado à prisão por homicídio doloso, mas foi liberado após pagar fiança.
O relatório contra a polícia de Chicago foi anunciado alguns dias depois de a cidade de Baltimore, no Estado de Maryland, acatar à recomendação do Departamento de Justiça para mudar a forma como policiais fazem uso da força e transportam detentos.
Há cerca de dois anos, Baltimore também registrou protestos após a morte de um cidadão negro sob custódia da polícia.
O Departamento de Justiça tem acelerado investigações sobre a conduta de policiais a fim de concluí-las antes da posse do presidente eleito, Donald Trump, marcada para 20 de janeiro. Durante a campanha eleitoral, o republicano demonstrou posição favorável à atuação das forças de segurança dos EUA.