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    Jornal francês troca pesquisas por reportagens na eleição presidencial

    DIOGO BERCITO
    DE MADRI

    14/01/2017 07h00

    Em meio à crescente expectativa em torno das eleições presidenciais francesas de abril, o jornal "Le Parisien" decidiu não realizar mais pesquisas de intenção de voto. A decisão surpreendeu o país, acostumado a centenas dessas sondagens.

    Este pleito está especialmente coberto de expectativas, diante da possibilidade de que Marine Le Pen, da extrema-direita, seja eleita.

    Anne-Christine Poujolat/AFP
    Aliados do deputado Benoit Hamon veem discurso do candidato antes das primárias socialistas
    Aliados do deputado Benoit Hamon veem discurso do candidato antes das primárias socialistas

    A França vota, afinal, após uma série de erros de cálculo em pesquisas de opinião. A decisão britânica de deixar a União Europeia, em junho, e a eleição de Donald Trump nos EUA, em novembro, surpreenderam espectadores.

    O diário "Le Parisien", conhecido por ter se baseado em diversas dessas sondagens no passado, afirma que vai investir em reportagens de campo —melhores termômetros do voto, argumenta.

    "Em vez de apenas falar sobre o que alguns consideramos erros nas pesquisas, decidimos nos voltar para o centro de nossa profissão: ir a campo, próximos às pessoas", afirmou o editor Stephane Albouy, citado pelo jornal britânico "Guardian".

    "Não estou atacando as pesquisas de opinião. Eles não fazem seu trabalho de maneira ruim. O problema é como a imprensa usa eles."

    Seria mais importante, segundo Albouy, investir em reportagens aprofundadas que investigassem as preocupações dos eleitores do que tratar o pleito como uma corrida de cavalo, elencando os candidatos por números.

    Abandonar as pesquisas também ajudaria o jornal a economizar recursos, em tempos de crise financeira.

    TENDÊNCIAS

    As pesquisas por ora disponíveis sugerem que François Fillon, candidato dos Republicanos (centro-direita), deve disputar o segundo turno com Marine Le Pen, da Frente Nacional (extrema-direita). Fillon deve ganhar.

    Ainda não se sabe quem será o candidato da esquerda para o pleito, apesar de que não se espera que um de seus políticos tenha chances de chegar à Presidência.

    O atual presidente, François Hollande, deixará o cargo com recorde de impopularidade. Ele decidiu não concorrer à reeleição.

    A esquerda realiza suas primárias nos dias 22 e 29 de janeiro, quando disputam o centrista independente Emmanuel Macron e o socialista Manuel Valls. Valls lidera as sondagens, por enquanto.

    Mas as próprias primárias da centro-direita mostraram os limites das pequisas, quando Fillon venceu a disputa, contrariando as expectativas até então vigentes.

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