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    Repórter da TV Globo usa rede social para relatar ataque de xenofobia

    DE SÃO PAULO

    14/01/2017 13h02 - Atualizado às 18h17

    A jornalista Sandra Coutinho, correspondente da TV Globo e da GloboNews em Nova York, contou em seu perfil no Twitter que o filho dela, Gabriel, sofreu um ataque de xenofobia na rua.

    "Meu filho ouvindo música brasileira com fone na rua. Um louco arranca o fone, dá um empurrão e grita: "Volta pro seu país!" Era Trump.", escreveu.

    Leia tuíte de Sandra Coutinho

    Coutinho afirmou à Folha que o episódio ocorreu na última quarta-feira (11), no bairro de Chelsea. Ela explica que se referia ao prenúncio do governo de Donald Trump, presidente eleito que toma posse nesta semana.

    O republicano adotou durante a campanha eleitoral um duro discurso contra imigração e prometeu deportar 3 milhões de ilegais, além de construir um muro na fronteira dos EUA com o México.

    Depois da publicação na rede social, a jornalista foi acusada de inventar o caso.

    "Eu acho que essas pessoas sempre existiram, mas agora se sentem mais à vontade para expressar seus preconceitos", disse Coutinho, que mora nos EUA há sete anos.

    O caso também foi relatado na GloboNews.

    Coutinho é a repórter que levou uma "bronca" de Obama, durante visita da ex-presidente Dilma Rousseff aos EUA, em 2015.

    Durante a visita de Dilma, a jornalista perguntou a presidente "O Brasil se vê como um ator global e liderança no cenário mundial, mas os EUA nos veem como uma potência regional. Como você concilia essas duas visões?"

    Antes de Dilma falar, Obama respondeu: "Bom, eu na verdade vou responder em parte a questão que você acabou de fazer para a presidente. Nós vemos o Brasil não como uma potência regional, mas como uma potência global. O Brasil é um grande ator global e eu disse para a presidente Dilma na noite passada que os Estados Unidos, por mais poderosos que nós sejamos, e por mais interessados que estejamos em resolver uma série de problemas internacionais, reconhecemos que não podemos fazer isso sozinhos".

    OUTRO CASO

    Estrangeiros nos EUA têm relatado casos similares de xenofobia desde as eleições.

    Correspondente-chefe do "New York Times" no Estado do Arizona, a baiana Fernanda Santos, que mora desde 1998 nos EUA não se lembrava de nenhum rompante de xenofobia até 10 de novembro de 2016, dois dias após a vitória de Donald Trump.

    Fernanda conversava ao telefone com a babá mexicana da filha Flora e um homem branco pediu que ela falasse em inglês. A brasileira reagiu respondendo que dominava quatro idiomas e então começou a violência verbal.

    "Eu que sempre achava que ia ter a reação mais madura, só consegui dizer que falava quatro idiomas", contou à Folha por telefone. "Mas não vale a pena brigar. Não sei se tem algum problema mental, se estava tendo um dia muito ruim ou apenas era ignorante e racista."

    "Se [o que o homem fez] foi influenciado por Trump, acho irrelevante. Dizer que é por causa dele é de certa forma uma desculpa. Ignorância é um fenômeno mundial que acontece há muitas gerações. Talvez ele tenha legitimado [o preconceito], mas não é a causa."

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